Índice
1. Introdução
A frescura dos produtos da pesca e
aquacultura, designados também por pescado (peixes,
cefalópodes, crustáceos e bivalves) representa um atributo de qualidade muito especial, pois
determina a sua aceitabilidade pelo consumidor e também o seu valor comercial. O pescado é
muito perecível em comparação com outros produtos de origem animal, devido não só às
suas características intrínsecas (composição em água, proteína e gordura) mas também ao
habitat natural. Estas características determinam a ocorrência de um conjunto de alterações
que rapidamente contribuem para a sua degradação e consequente desvalorização e rejeição
por parte do consumidor.
cefalópodes, crustáceos e bivalves) representa um atributo de qualidade muito especial, pois
determina a sua aceitabilidade pelo consumidor e também o seu valor comercial. O pescado é
muito perecível em comparação com outros produtos de origem animal, devido não só às
suas características intrínsecas (composição em água, proteína e gordura) mas também ao
habitat natural. Estas características determinam a ocorrência de um conjunto de alterações
que rapidamente contribuem para a sua degradação e consequente desvalorização e rejeição
por parte do consumidor.
A deterioração do pescado deve-se
ao efeito combinado de reacções químicas, devidas à actividade de enzimas
endógenas (presentes no pescado) e ao crescimento bacteriano. Os termos fresco
e deteriorado constituem extremos desta sequência de reacções autolíticas e
bioquímicas que ocorrem imediatamente após a morte, de forma progressiva e
gradual. Estas alterações post mortem do pescado seguem um padrão típico, que é
característico de cada espécie e podem ser avaliadas sensorialmente uma vez que
vão evoluindo, mais ou menos rapidamente, durante a conservação. As alterações
sensoriais do pescado variam consideravelmente com a espécie e com o método de
conservação. O aspecto (para o qual tem grande importância a pigmentação e
brilho da pele), cheiro e textura são atributos determinantes (NUNES, 2007.
Pag. 51)
.
A avaliação do cheiro
constitui um desafio, uma vez que nem sempre é de fácil caracterização.
De um modo geral, peixe muito fresco não apresenta cheiro forte, sendo normalmente leve e
ténue. No caso de espécies selvagens, como o carapau e a sardinha, pode ser identificável um
ligeiro cheiro a algas ou maresia. À medida que o peixe vai perdendo frescura, o cheiro
intensifica-se e é mais fácil a associação a alguns descritores, como o cheiro metálico. Numa
fase mais avançada, o cheiro está associado a compostos relacionados com a deterioração do
peixe, como por exemplo, cheiro a azedo, sulfídrico, pútrido ou ranço, no caso de espécies
gordas, podendo-se caracterizar como cheiro intenso a peixe.
De um modo geral, peixe muito fresco não apresenta cheiro forte, sendo normalmente leve e
ténue. No caso de espécies selvagens, como o carapau e a sardinha, pode ser identificável um
ligeiro cheiro a algas ou maresia. À medida que o peixe vai perdendo frescura, o cheiro
intensifica-se e é mais fácil a associação a alguns descritores, como o cheiro metálico. Numa
fase mais avançada, o cheiro está associado a compostos relacionados com a deterioração do
peixe, como por exemplo, cheiro a azedo, sulfídrico, pútrido ou ranço, no caso de espécies
gordas, podendo-se caracterizar como cheiro intenso a peixe.
Relativamente à textura
do peixe, (firmeza e elasticidade), em geral um peixe com textura
muito firme e elástica recupera muito rapidamente da pressão exercida na zona dorsal (ver
NUNES ET AL., 2007, Pag. 19) não ficando a marca do dedo. Textura menos firme e ainda elástica,
corresponde a uma recuperação mais lenta do músculo, mas não fica a marca da pressão do
dedo. Pelo contrário, um peixe com textura mole significa que o músculo já não recupera da
pressão exercida, ficando normalmente a marca do dedo.
muito firme e elástica recupera muito rapidamente da pressão exercida na zona dorsal (ver
NUNES ET AL., 2007, Pag. 19) não ficando a marca do dedo. Textura menos firme e ainda elástica,
corresponde a uma recuperação mais lenta do músculo, mas não fica a marca da pressão do
dedo. Pelo contrário, um peixe com textura mole significa que o músculo já não recupera da
pressão exercida, ficando normalmente a marca do dedo.
1.1.Delimitação do tema
Com base nos critérios acima
mencionados, foi delimitada a pesquisa em termos temporais, de Maio - Julho por
corresponder ao período exactamente anterior a elaboração da pesquisa, o que
contribui para trazer uma visão mais actualizada sobre o estágio em que se
encontra os procedimentos usados para conservação do pescado nos mercados
locais.
Quanto ao horizonte espacial e de
forma a dar maior dinamismo, a pesquisa cingiu-se aos mercados Aquima, Lixo,
Central e Torrone.
1.2.Problema de Pesquisa
Qualidade e segurança
alimentar são questões de grande relevância no cenário nacional e internacional,
sendo a pesca uma atividade de importância cada vez maior no panorama do abastecimento
alimentar mundial. Em termos minimalistas, pode-se dizer que ’qualidade’ se
refere às características que tornam os alimentos aceitáveis para os
consumidores. De uma forma mais abrangente (NUNES, 2007) defendem que a
qualidade dos alimentos pode ser determinada por diversos aspectos dos quais se
destacam: higiene, valor nutricional e dietético, frescor, facilidade de
utilização pelo consumidor, suas propriedades intrínsecas (sensoriais) e disponibilidade.
No caso do pescado, o aspecto frescor tem grande relevância pelo fato de constituir o principal critério que determina a sua aceitação. Os pescados são avaliados pelos consumidores com um rigor ainda maior do que muitos outros alimentos, pois o peixe é um alimento mais sensível e perecível quando comparado com outros produtos de origem animal, seja por fatores
inerentes ao pescado, seja por fatores extrínsecos relacionados a transporte e armazenamento. Portanto, torna-se importante manter a qualidade do peixe em um nível elevado em cada elo da cadeia produtiva, a fim de garantir ao consumidor um produto final sempre fresco, com boa aparência e alta qualidade. Neste sentido, a avaliação sensorial se torna um método bastante importante para a avaliação do frescor e qualidade dos produtos da pesca, tanto por consumidores, quanto pelo setor pesqueiro e serviços de inspeção.
De acordo com o paragrafo que
refere – se da consulta feita a diversos vendedores e revendedores do pescado
sem conhecimento sólido de frescura do pescado o que periga a saúde publica,
surge a seguinte pergunta de partida:
Qual
o nível de conhecimento do estado de frescura do pescado nos vendedores dos
principais mercados da cidade de Quelimane?
Questões de pesquisa:
Qual forma usada pelos vendedores para conservação o peixe?
Como detectam que o produto esta deteriorado?
Como funciona o processo de comercialização da compra ate a venda pelos
consumidores finais?
1.3.Objectivos
1.3.1. Objectivo geral
·
Avaliar o nível de conhecimento de qualidade sensorial e
físico-química do pescado, nos vendedores dos principais mercados da cidade de
Quelimane.
1.3.2. Objectivos específicos
a) Analisar a forma
usada pelos vendedores para conservação;
b) Perceber a
forma usada para a detecção do produto deteriorado;
c) Entender como
funciona o processo de comercialização pescado.
.
1.4.Justificativa
Alguns factores importantes podem
influenciar no tempo de conservação do peixe, como: manuseio, qualidade da
cadeia do frio após a captura, tipos de pesca, os métodos de evisceração e de
sangria e também a época do ano e o local de captura. Para isto, devem ser assumidas
condições ótimas de armazenamento em gelo sem flutuações de temperatura.
A boa conservação do peixe proporcionara
maior qualidade do produto sendo que o mesmo é consumido por todo país pelas
famílias de baixa, media e alta renda. Assim a ma conservação do produto poderá
influenciar de grande forma a saúde publica.
Tomando – se em conta que o peixe possui
alta percentagem de consumo nos Moçambicanos, a venda deste produto não nas condições
apropriadas poderá afectar a saúde de muitas famílias o que poderá se
considerar um atentado a saúde pública, um pescado deteriorado comercializado
periga a vida da sociedade.
1.5.Relevância da pesquisa
A pesquisa é relevante, uma vez que
partiu-se de um referencial teórico para discutir aspectos ligados à métodos de
conservação de peixe e a consequente implicação na saude publica, sendo que o
estudo ousara proporcionar algumas das praticas de conservação do pescado.
Procurou-se articular os aspectos teóricos e práticos através da combinação de instrumentos
de observação, colecta e tratamento de dados, bem como pela análise e interpretação
dos mesmos, elementos necessários para elaboração de uma pesquisa científica.
Deste modo a pesquisa vem contribuir para a percepção do processo de
conservação do pescado pelos vendedores do mercados da cidade de Quelimane.
2. Revisão de literatura
2.1.Situação de pesca mundial
O
consumo de peixes vem aumentando nas últimas quatro décadas, tanto pela maior
demanda quanto pelas mudanças no hábito alimentar da população, que vem, cada
vez mais, buscando produtos com perfil nutricional adequado. A carne de pescado
é muito nutritiva, sendo rica em proteínas, aminoácidos, vitaminas e minerais.
É um alimento de baixa gordura além de possuir elevados teores de ômega-3,
trazendo benefícios à saúde humana (Bruschi 2001).
O
consumo global per capita em 1961 era de 9 kg por habitante, passando a 16,5 kg
em 2003. Nos países industrializados, o consumo de pescados aumentou de 13
milhões de toneladas em 1961 para 27 milhões em 2003, com um aumento no consumo
per capitade 20 para 29,7 kg (FAO, 2007). A distribuição heterogênea no consumo
de peixes no mundo é marcante. As diferenças ocorrem entre continentes, países
ou mesmo entre regiões, sendo que o consumo per capita pode variar de menos de
1kg a mais de 100kg dependendo do costume, disponibilidade e acesso do mercado
consumidor ao produto. A aquacultura e a pesca, nos últimos anos, obtiveram os
maiores índices de produtividade, abastecendo o mercado mundial com cerca de
140 milhões de toneladas de peixes, ou 16,6 kg/per capita/ano. Desse total, a aquacultura
já é responsável por aproximadamente 43%, enquanto nos anos 80, esse número era
apenas de 9% (FAO, 2007).
Existe
uma tendência do aumento da aquacultura, pois sabe-se que a pesca extractivista
não consegue mais preencher a lacuna deixada por esse segmento no sector. A China
ainda é responsável por cerca de 70% da quantidade (47,6 milhões de toneladas
em 2004), e mais da metade do valor total comercializado no mundo. Contudo, a
estatística de captura e produção aquicola nesse país parece estar super
estimada desde 1990, sendo assim, os
dados divulgados em relatórios sobre a produção mundial de pescados tendem a
avaliar o caso da China separadamente (FAO, 2007).
Pelo
ritmo de crescimento populacional mundial, estima-se, para o ano de 2025, uma
população em torno de 8,5 bilhões de pessoas, que apresentarão uma demanda por
peixes na ordem de 162 milhões de toneladas, baseando-se no consumo preconizado
pela FAO, que é de 25 kg per capita / ano. Sem o aumento das capturas, que
estão estagnadas em aproximadamente 95 milhões de toneladas/ano, há mais de 20
anos, a aquacultura terá que suprir este déficit respondendo por 77 milhões de
toneladas, o que representaria um aumento de 600% em 35 anos (FAO, 2007).
Aquacultura
continua a crescer mais rapidamente que todos os outros setores da produção
animal mundial, atingindo crescimento anual médio de 8,8% desde 1970. Nos
países em desenvolvimento, a produção de peixes, moluscos e crustáceos cresceu
cerca de 10,2%, comparada a 5% na China, e a apenas 3,9% nos países desenvolvidos;
já o peixe proveniente do extrativismo obteve um índice de apenas 1,2%. A taxa
de crescimento anual média para os sistemas de produção de animais terrestres é
de 2,8% (FAO, 2007).
2.2.A situação da pesca nacional segundo Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas
O sector tem registado
melhorias no crescimento da produção pesqueira. No primeiro semestre de 2015 o
sector registou um grau de realização do plano anual de produção ascendido a
10%.
Na Pesca Industrial espera-se
uma maior contribuição deste sub-sector para responder aos
objectivos a ele adstritas, nomeadamente o da contribuição para o desenvolvimento
económico e social do país e o de contribuir para a Balança de Pagamentos a níveis
potencialmente possíveis. Para o efeito, espera-se uma maior dinâmica no desenvolvimento
da pescaria do atum pela frota nacional, que até então é demandada em larga escala pela frota
estrangeira, o que contribuirá bastante no aumento da produção comercial de peixe com cerca
de 4.000 toneladas.
objectivos a ele adstritas, nomeadamente o da contribuição para o desenvolvimento
económico e social do país e o de contribuir para a Balança de Pagamentos a níveis
potencialmente possíveis. Para o efeito, espera-se uma maior dinâmica no desenvolvimento
da pescaria do atum pela frota nacional, que até então é demandada em larga escala pela frota
estrangeira, o que contribuirá bastante no aumento da produção comercial de peixe com cerca
de 4.000 toneladas.
A pesca Semi-industrial
constitui um sub-sector com um papel importante na dinamização da
economia local e na contribuição para a segurança alimentar. A contribuição deste sub-sector
para os objectivos de desenvolvimento da pesca tem sido fraca devido ao estado obsoleto das
unidades de pesca. O melhor desempenho deste subsector passa pela concessão de créditos para a campanha da pesca através de instituições financeiras. O abastecimento em pescado para o mercado interno é garantido fundamentalmente pela pesca de pequena escala, e complementada pelo pescado importado, sendo a pesca artesanal a que mais contribui para a segurança alimentar e nutricional. Porém, este subsector continua enfrentando desafios com vista a que toda a sua captura possa estar disponível em condições sanitárias propícias para o consumo, pelo que acções com vista a redução das perdas pós captura que ocorrem na cadeia de valor continua uma prioridade.
economia local e na contribuição para a segurança alimentar. A contribuição deste sub-sector
para os objectivos de desenvolvimento da pesca tem sido fraca devido ao estado obsoleto das
unidades de pesca. O melhor desempenho deste subsector passa pela concessão de créditos para a campanha da pesca através de instituições financeiras. O abastecimento em pescado para o mercado interno é garantido fundamentalmente pela pesca de pequena escala, e complementada pelo pescado importado, sendo a pesca artesanal a que mais contribui para a segurança alimentar e nutricional. Porém, este subsector continua enfrentando desafios com vista a que toda a sua captura possa estar disponível em condições sanitárias propícias para o consumo, pelo que acções com vista a redução das perdas pós captura que ocorrem na cadeia de valor continua uma prioridade.
O desenvolvimento da
pesca artesanal está também directamente ligado ao desenvolvimento de
infra-estruturas, como estradas, comunicações, electricidade e mercados. Com a
realização dos investimentos preconizados na presente proposta de plano,
pretende-se assegurar o continuado crescimento dos índices de produção da pesca
artesanal.
2.3.Consumo do pescado e suas vantagens
De
acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-09, o consumo
anual de peixe do brasileiro é de 9kg. Já Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomenda o consumo de 12kg de pescado ao ano.
Segundo
o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, a
ingestão regular de pescado fresco, no mínimo duas vezes por semana, oferece
aminoácidos essenciais, que ajudam a formar as proteínas, necessárias para o
crescimento e a manutenção do corpo humano. São também fontes importantes de
ferro, vitamina B12, cálcio e gorduras essenciais, fundamentais ao bom
funcionamento do organismo. As substâncias contidas no pescado apresentam baixo
teor de gordura quando comparado às outras carnes.
Além
de ser fonte de proteína, o peixe apresenta uma série de vantagens à saúde. Sua
principal acção seria anti-oxidante e ainda, estudos realizados, demonstram que
os peixes tem grande participação na prevenção de doenças cardiovasculares e no
aumento da qualidade de vida das pessoas que ingerem esse alimento
frequentemente. Os peixes, principalmente os de águas profundas como o salmão e
o atum, são fonte de ácidos graxos ômega-3 que tem a propriedade de aumentar o
colesterol “bom” (HDL) e diminuir o colesterol “ruim” (LDL). Com isso há o
fator de proteção a doenças cardiovasculares, principalmente infarto e derrame.
Outra
grande vantagem dos peixes em relação às carnes de boi e porco é a facilidade
de preparo: os frescos cozinham em pouquíssimo tempo e podem ser usados em
diversas preparações, como ao molho, empanado, assado, ensopado, cozido,
grelhado, frito e até mesmo cru - desde que seja proveniente de um fornecedor
que possua boas condições higiênico-sanitárias e seja de confiança.
Por
causa de todas as vantagens descritas, incluir ou aumentar o consumo de peixes
é uma boa atitude para obter os benefícios que os seus nutrientes essenciais
fornecem.
2.4.Os Principais
tipos/espécie de pescado mais comercializados na Cidade de Quelimane
O Município de Quelimane possui mercados nos principais bairros onde são comercializados diversos produtos com isso suprir as necessidades dos cidadãos, quanto ao pescado a cidade de Quelimane possui a praia de zalala como fonte onde este tem abastecido todos mercados, contudo os pescados mais comercializados são: O carapau (Trachurus trachurus), Pende (tilapia rendalli), Corvina (Micropogonias furnieri), Sololo, Camarão (Exopalaemon styliferus), Pescadinha (Isopisthus parvipinnis), Sapateiro, Malola, Bagre – Africano (Clarias gariepinus)
2.5.Método de Avaliação de Frescura do Pescado
Peixe
A frescura dos produtos da pesca e aquacultura, designados
também por pescado (peixes, cefalópodes, crustáceos e bivalves) representa um
atributo de qualidade muito especial, pois determina a sua aceitabilidade pelo
consumidor e também o seu valor comercial. O pescado é muito perecível em
comparação com outros produtos de origem animal, devido não só às suas características
intrínsecas (composição em água, proteína e gordura) mas também ao habitat natural.
Estas características determinam a ocorrência de um conjunto de alterações que rapidamente contribuem para a sua
degradação e consequente desvalorização
e rejeição por parte do consumidor. A deterioração do pescado deve-se ao efeito
combina do de reacções químicas, devidas à actividade de enzimas endógenas
(presentes no pescado) e ao crescimento bacteriano.
Os termos fresco e deteriorado constituem extremos
desta sequência de reacções autolíticas e bioquímicas que ocorrem imediatamente
após a morte, de forma progressiva e gradual. Estas alterações post mortem do
pescado seguem um padrão típico, que é característico de cada espécie e podem
ser avaliadas sensorialmente uma vez que vão evoluindo, mais ou menos rapidamente,
durante a conservação. As alterações sensoriais do pescado variam consideravelmente
com a espécie e com o método de conservação. O aspecto (para o qual tem grande
importância a pigmentação e brilho da pele), cheiro e textura são atributos
determinantes.
A avaliação sensorial é definida como a disciplina
científica usada para “medir”, analisar e interpretar reacções a
características dos alimentos, através dos sentidos da visão, olfacto e tacto.
É considerado o método mais importante para avaliar a frescura de pescado.
Todavia, existe alguma subjectividade associada aos métodos sensoriais, pelo
que tem sido desenvolvido um grande esforço na optimização dos esquemas de
avaliação assim como no treino de avaliadores. Este treino permite familiarizar
os avaliadores com as principais características sensoriais das espécies a
avaliar, de modo a conseguirem identificar objectivamente as alterações da
frescura.
A intensidade de cada um dos descritores pode ser
avaliada por intermédio de escalas diversas. Um dos recentes esquemas de
avaliação sensorial do grau de frescura de pescado, o Método do Índice de
Qualidade (QIM, do inglês Quality Índex Method) procura ultrapassar as dificuldades
surgidas na aplicação de tabelas menos objectivas, como as tabelas da União Europeia.
O esquema QIM baseia-se na avaliação dos atributos sensoriais que melhor
traduzem as alterações que ocorrem no pescado fresco por exemplo, aspecto da
pele, forma dos olhos, cor e cheiro das brânquias. Para cada um dos atributos é
seleccionado um conjunto de descritores que melhor reflectem as alterações
ocorridas, aos quais é atribuída uma pontuação que varia entre 0 e 3 pontos de
demérito.
Os descritores correspondentes ao estado de maior
frescura são pontuados com 0 pontos, enquanto que os respeitantes à perda de
frescura mais avançada são classificados com 2 ou 3 pontos. Somando os pontos
de demérito atribuídos a cada descritor obtém-se o Índice de Qualidade. Assim,
o índice de qualidade de peixe muito fresco é zero (ou próximo de zero) e vai
aumentando à medida que a deterioração prossegue até atingir o máximo estabelecido
para cada espécie
A avaliação do cheiro constitui um desafio, uma vez
que nem sempre é de fácil caracterização. De um modo geral, peixe muito fresco
não apresenta cheiro forte, sendo normalmente leve e ténue. No caso de espécies
selvagens, como o carapau e a sardinha, pode ser identificável um ligeiro
cheiro a algas ou maresia. À medida que o peixe vai perdendo frescura, o cheiro
intensifica-se e é mais fácil a associação a alguns descritores, como o cheiro
metálico. Numa fase mais avançada, o cheiro está associado a compostos
relacionados com a deterioração do peixe, como por exemplo, cheiro a azedo,
sulfídrico, pútrido ou ranço, no caso de espécies gordas, podendo-se
caracterizar como cheiro intenso a peixe.
Relativamente à textura do peixe, (firmeza e
elasticidade), em geral um peixe com textura muito firme e elástica recupera
muito rapidamente da pressão exercida na zona dorsal (Nunes et al., 2007, pp
19) não ficando a marca do dedo. Textura menos firme e ainda elástica, corresponde
a uma recuperação mais lenta do músculo, mas não fica a marca da pressão do dedo.
Pelo contrário, um peixe com textura mole significa que o músculo já não
recupera da pressão exercida, ficando normalmente a marca do dedo.
Odor
|
Cheiro característico a mar
|
Olhos
|
Olhos
salientes, convexos, com córnea negra e a pupila negra e brilhante
|
Corpo
|
Firmeza: se após pressão com o dedo a carne voltar à posição inicial
|
Pele
|
Brilhante, com uma cor viva,
homogénea e com reflexos
|
Guelras
|
Brilhantes, de um vermelho bem vivo
e sem muco
|
Escamas
|
Brilhantes, firmes e bem agarradas à pele
|
Camarão
Não
é necessário grande conhecimento técnico para determinar quando um pescado está
fresco; no caso dos camarões, a elasticidade da carne, cores vivas e claras são
sinais que marcam a sua frescura. O importante está em conhecer e determinar quando
um produto começa a perder a sua frescura. Os camarões apresentam odor
agradável, doce, ligeiramente amoniacal. O aparecimento de forte odor
amoniacal, sulfídrico, com perda do aspecto branco nacarado da carne, coloração
amarelada forte ou castanho - amarelada, perda de elasticidade da musculatura,
maciez da carne, facilidade na remoção dos artículos ou aparecimento de manchas
pretas ou melanose, indicam os distintos graus de alteração ou putrefacção
sofridos (Bertullo, 1975).
Segundo
Ólafsdóttir et al. (1997), citado por Gonçalves (2010) o crustáceo fresco
próprio para consumo deverá possuir as seguintes características: elevado teor
de creatina, óxido de trimetilamina (OTMA), adenosina trifosfato (ATP), inosina
5’- monofosfato (IMP); baixo teor de trimetilamina (TMA), dimetilamina (DMA),
bases voláteis totais nitrogenados (BVT-N); baixo n.º de microrganismos,
aspecto característico, cheiro fresco, textura firme e pH < 7,0
2.6.Politicas de
Qualidade de Pescado Segundo Regulamento de
Inspecção e Garantia de Qualidade dos Produtos da Pesca (Decreto n."
17/2001 de 12 de Junho)
Condições
gerais
(Categoria
dos produtos)
Segundo a complexidade de processamento e risco
sanitário, os produtos da pesca processados agrupam-se nas seguintes
categorias:
Categoria
I: moluscos bivalves, vivos, frescos ou congelados;
Categoria
II: produtos pasteurizados, cozidos ou pré-cozidos,
fumados a quente, panados, marinados, seguidos de congelação ou não, que podem
ser consumidos com ligeira ou nenhuma cozedura;
Categoria
III: produtos de baixa acidez ou acidificados, tratados
termicamente em embalagens hermeticamente fechadas, também denominados
genericamente por conservas;
Categoria
IV: produtos salgados e secos e fumados a frio;
Categoria
V: produtos congelados;
Categoria
VI: Crustáceos e peixes vivos ou frescos.
A classificação referida no número anterior deverá
conter a indicação do tipo de produto da pesca produzido, como seja, camarão,
gamba, lagosta, caranguejo, peixe demersal, peixe pelágico, e outras espécies
de pescado e bem como a indicação da sua origem, como seja camarão processado
em alto mar, camarão processado em terra, camarão proveniente de aquacultura, e
outros tipos de origem
Artigo 46
(produtos
da pesca adulterados)
Para os propósitos do presente Regulamento são
considerados adulterados os produtos que:
a)
Mostrem características de odor,
sabor, cor e textura relacionadas com a decomposição;
b)
Apresentem forte odor a ranço e/ou
outros odores estranhos ou ofensivos;
c)
Contenham substâncias perigosas,
naturais, ou adicionadas voluntariamente ou não, que signifiquem risco para a
saúde do consumidor;
d)
Contenham substâncias ou material
estranho que os tornem rejeitáveis perante o consumidor;
e)
Tenham sido manuseados,
processados e transportados sob condições não sanitárias, e que uma
contaminação perigosa possa haver-se produzido, e representem um risco inaceitável
para a saúde do consumidor;
f)
Estejam contaminados com
microrganismos patogénicos ou suas toxinas em níveis que signifiquem perigo
para a saúde do consumidor;
g)
Apresentem infestação com parasitas
a níveis esteticamente inaceitáveis ou que, de alguma maneira, signifiquem
risco para a saúde do consumidor;
h)
Contenham vestígios de drogas ou
hormonas adicionadas nas actividades de aquacultura, em níveis detectáveis de
acordo com os métodos oficiais estabelecidos,
i)
Contenham aditivos químicos ou
corantes artificiais em quantidades superiores aos níveis estabelecidos pelas
autoridades competentes do país.
3. Metodologias
3.1.Tipo de pesquisa
Quanto ao tipo, a pesquisa é
Qualitativa descritiva. Segundo LAKATOS & MARCONI (1999) a pesquisa
descritiva tem como principal objectivo a descrição das características de
determinadas instituições, populações ou fenómenos, por meio da observação,
análise e descrições objectivas. Usou-se a pesquisa descritiva porque esta
procura expor e analisar os métodos de conservação do pescado pelos vendedores
dos mercados.
3.2.Método de abordagem
Para a elaboração da presente
pesquisa, privilegiou-se o método de abordagem indutivo que melhor se adequa a
elaboração da pesquisa.
Segundo GIL (1999), o método
indutivo parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior
do trabalho de colecta de dados particulares. A generalização não deve ser
buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos
concretos suficientemente confirmados dessa realidade.
LAKATOS & MARCONI (1999)
afirmam que o método indutivo é usado quando um estudo cinge-se a um objecto de
investigação que seja homogéneo em diferentes fenómenos, sem considerar as circunstâncias
acidentais. A abordagem indutiva mostra-se importante e fundamental porque simplifica
o estudo a partir de uma indução incompleta de casos estudados podendo se
concluir uma certa semelhança com outros não estudados.
3.3.Métodos de procedimento
A pesquisa privilegiou a técnica do
método qualitativo, o método monográfico ou estudo de caso.
LAKATOS & MARCONI (2007:92)
afirmam que “o método monográfico consiste no estudo de determinados
indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades com a finalidade
de obter generalizações”. A pesquisa examinou o tema escolhido, analisando os
vendedores de peixe dos mercados locais, observando todos os factores que o influenciaram
o objecto de estudo e analisando-o em todos aspectos.
3.3.1.
Observação
Directa
A observação directa é uma técnica
de colecta de dados que utiliza os sentidos para compreender determinados
aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em
examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar. Ajuda a identificar e
obter provas a respeito de situações sobre as quais os indivíduos não têm
consciência, mas que orientam seu comportamento (MARCONI; LAKATOS, 1990).
3.3.2.
Questionário
Instrumento de colecta de dados constituído por uma
série de perguntas, que devem ser respondidas por escrito ou Tecnicamente,
questionário é uma técnica de investigação composta por um número grande
ou pequeno de questões apresentadas por escrito que tem por objetivo propiciar
determinado conhecimento ao pesquisador. (Marconi & Lakatos,
1999:100)
Vantagens
a)
Economiza tempo, viagens e obtém
grande número de dados
b)
Atinge maior número de pessoas simultaneamente
c)
Abrange uma área geográfica mais
ampla
d)
Economiza pessoal (treinamento;
coleta campo)
e)
Obtém respostas mais rápidas e
exatas
f)
Liberdade de respostas
(anonimato)
g)
Mais tempo para responder;
horário favorável
3.4.Técnicas de recolha de dados/Amostragem
Quanto as técnicas de recolha de
dados a pesquisa privilegiou o método Estudo de
caso: estudo de caso é uma forma de
pesquisa que aborda com profundidade um ou poucos objetos de pesquisa, por isso
tem grande profundidade e pequena amplitude, procurando conhecer em
profundidade a realidade de uma pessoa, de um grupo de pessoas, de uma ou mais
organizações, uma política econômica, um programa de governo, um tipo de
serviço público, entre outros. Assim, a característica principal é a
profundidade do estudo.
De acordo com YIN
(2001, p. 32), um estudo de caso é uma investigação empírica que:
·
Investiga
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente
quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos;
·
Enfrenta
uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse
do que pontos de dados;
·
Baseia-se
em várias fontes de evidências; e, como outro resultado; e
· Beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas
para conduzir a coleta e análise de dados.
O estudo de caso é
utilizado quando o pesquisador investiga “uma questão do tipo ‘como’ e ‘por
que’ sobre um conjunto contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o
pesquisador tem pouco ou nenhum controle” (YIN, pag.28), tendo como objecto de
estudo um caso único ou casos múltiplos.
3.4.1. População
e amostra
População
Na presente
investigação, define-se como população o universo de vendedores de pescado dos
principais mercados da cidade de Quelimane. Mais especificamente, os vendedores
informais que vendem o produto nos mercados municipais.
A escolha destes
mercados facilita o acesso da autora aos vendedores de peixe e outros frutos de
mar, o que vai tornar o processo de pesquisa prático. Assim também poderá
proporcionar algum conhecimento sobre o processo de comercialização do pescado
nos mercados da região da autora.
Amostra
Terá como amostra da pesquisa apenas alguns dos comerciantes que serão seleccionados pela autora já no local de estudo, mas que no entanto preencham as características pré – estabelecidas da população. Por se tratar de vendedores informais a amostra dependera extremamente da autora e dos vendedores que aceitarem participar do estudo.
Terá como amostra da pesquisa apenas alguns dos comerciantes que serão seleccionados pela autora já no local de estudo, mas que no entanto preencham as características pré – estabelecidas da população. Por se tratar de vendedores informais a amostra dependera extremamente da autora e dos vendedores que aceitarem participar do estudo.
4. Cronograma
Actividades
|
Período
|
||||||
Fevereiro
|
Marco
|
Abril
|
|||||
1ª Q
|
2ª Q
|
1ªQ
|
2ªQ
|
1ªQ
|
2ªQ
|
||
Revisão Bibliográfica
|
X
|
X
|
|
|
|
|
|
Administração de Questionário, entrevista e Observação
|
|
|
X
|
X
|
|
|
|
Analise compilação de dados
|
|
|
|
X
|
X
|
||
Revisão e Apresentação do Relatório
|
|
|
|
|
|
X
|
|
5. Orçamento
Designação
|
Quantidade
|
Preço unitário
|
Valor
|
Resma
|
1
|
250,00
|
250,00
|
Esferográficas
|
5
|
10,00
|
50,00
|
Transporte
|
|
|
500,00
|
Lápis
|
4
|
5,00
|
25,00
|
Impressão
|
40
|
2,50
|
100,00
|
Encadernação
|
1
|
30,00
|
30,00
|
Total
|
|
955,00 Mt
|
6. Referencias Bibliográficas
1.
GERMANO, P. M. L.;
GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária
de alimentos. 3.ed.
Barueri: Manole, v.1, 2008. 986p.
2. GIL,
Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
3. LAKATOS,
Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2.
ed. ver. ampl. São Paulo: Atlas, 1991.
4. MACHADO,
Z.L. 1984. Tecnologia de recursos pesqueiros: Parâmetros, processos e
produtos. Recife, SUDENE-DRN-DIV. Recursos pesqueiros. 277p.
5. NUNES, M.L. et al. Aplicação do
Índice de Qualidade (QIM) na
avaliação da frescura do pescado.
Lisboa: IPIMAR, 2007. 51p.
6. NUNES,
M.L.; BATISTA, I. Aplicação do índice de qualidade (QIM) na avaliação da frescura do pescado. Lisboa: IPIMAR
Divulgação 29, 2004. 4p.
7. YIN,
Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
8.
Bruschi
FLF. Rendimento, composição química e
perfil de ácidos graxos de pescados e seus resíduos: uma comparação. 2007.
Outras fontes
Regulamento
de Inspecção e Garantia de Qualidade dos Produtos da Pesca (Decreto n."
17/2001 de 12 de Junho).
Departamento
de Pescas da FAO, Unidade de Dados e Estatísticas da Pesca. Fishstat plus:
software universal para séries temporais estatísticas da pesca. Produção
aquícola: quantidades 1950-2005, Produção aquícola: valores 1984-2005.
Comentários
Enviar um comentário