1. Introdução
Muitos problemas
podem ser identificados nos sistemas de produção dos mais diversos campos agro-pecuários
moçambicanos, porém estes números poderiam ser menores na condição de que as
pesquisas realizadas por órgãos competentes e universidades tivessem ao alcance
dos produtores rurais, em especial os pequenos de cunho familiar.
Na pecuária
leiteira, a actividade restrita na pequena área da agricultura familiar, a produção
e produtividade embora sejam pequenas, o leite garante um fluxo constante de entrada
de dinheiro para o produtor. Embora as pessoas tomem menos quantidade de leite
que o recomendado pelo Ministério da saúde, ainda assim falta leite no mercado,
e ainda assim os produtores sofrem grandemente com as instabilidades dos
preços.
1.1. Delimitação
da área de estudo
A propriedade onde se objectiva implantar a criação de
gado leiteiro localiza-se no distrito de Luabo, mas, concretamente no povoado
de Inhangombe, situado a 20 km a Oeste da vila sede do distrito, com um período
de duração de cinco (5) anos. Luabo é um distrito
da província da Zambézia, em Moçambique, com sede na povoação de Luabo,
criado em 2013. Tem limite, a norte com o distrito de Inhassunge,
a oeste com o distrito de Mopeia, a este com o distrito de Chinde e a sul com o distrito de Marromeu
da província de Sofala, do
qual está separado pelo rio Zambeze. O distrito foi
criado com a elevação a esta categoria do posto
administrativo do Luabo, que era parte do distrito de Chinde.
1.2.Problema
O grande problema
da pecuária leiteira continua sendo a falta de organização, pano de fundo do
gargalo da comercialização e da produção, respectivamente o preço e a
dificuldade de se produzir e as técnicas de produção no período de inverno, no
período da seca e a grande oscilação. "Se você tem um sector organizado,
você não vai ter essa flutuação, não vai ter tanta flutuação de produção e
muito menos de preço e mais poder de barganha".
Nos diversos
sistemas de comunicação, informações estão disponíveis aos pecuarista de
grande, médio e pequeno porte orientando como adquirir produtos de melhor
qualidade, melhoramento genético, raças, manejo das pastagens, dados para
aquisição de créditos no curto e longo prazo, dentre outras informações importantes
para o aperfeiçoamento da actividade pecuária. Ainda assim, existe deficiência
na administração e manutenção das propriedades. Na busca de melhores resultados
financeiros alterar na pequena propriedade as actividades de pecuária de corte
para pecuária leiteira, factores como mercado, preço, assistência técnica e
insumos devem ser analisados antecipando problemas futuros que podem comprometer
a família no campo.
Na actividade
leiteira encontramos dificuldades para grandes produtores que trabalham com
gado confinado ordenhando duas vezes ao dia a mesma vaca em lactação, quanto
para as pequenas propriedades ordenhando uma vez ao dia e mantendo a alimentação
de suas vacas pelo sistema rotativo de pastagens ou não, precisam obter lucros para
se manter competitivas diante da concorrência, podendo estes ser os grandes
produtores, bem como o preço oferecido pelo leite. Com o avanço da tecnologia
assessorando as actividades diárias consegue-se produzir mais em menos tempo e
espaço, ai surge a questão:
Ø
Onde
e como conseguir recursos adequados a longo prazo às condições de pequeno
produtor rural?
1.3.Justificativa
Famílias em nosso
território rural nacional, tem em sua grande extensão migrado para os grandes
centros urbanos em busca de novas alternativas de trabalho, na busca pela sobrevivência
e qualidade de vida, por não conseguir visualizar aonde estão inseridas oportunidades
para fazer de seu pequeno sítio uma empresa rural lucrativa a ponto de criar novas
perspectivas e expectativas para sua produção. Devido a quantidade e qualidade de
garantias apresentadas por pequenas propriedades familiares na hora da busca de
crédito com terceiros, em muitas situações encontra-se alto grau de dificuldade
na obtenção do mesmo, o que acaba dificultando e desmotivando o produtor frente
a seus concorrentes ou associados.
Antes de investir
numa nova actividade é prudente pesquisar as tendências de mercado para o sector
a ser explorado, evitando prejuízos futuros. Devido a isto, substituir numa pequena
propriedade familiar a pecuária de corte a pasto, onde os custos de produção
são menores, animal pouco dependente do produtor, ou seja, menos trabalho integral
onde a família tem mais tempo para dedicar em outra actividade na propriedade,
para reinvestir na pecuária leiteira em novas estruturas de curral, pastagens,
máquinas e equipamentos, gado, entre outras. Embora o livro-caixa da empresa
familiar no novo negócio seja periódico e atractivo, deve-se do mesmo fazer
atento controle devido nesta actividade seu custo ser alto em relação a cada
litro de leite produzido. Dinheiro em caixa não é sinónimo de estabilidade financeira.
Embora o consumidor
não deixe de consumir leite, fazer planeamento é essencial para a gestão
sustentável da empresa. SANTOS e MARION (1996) afirmam que “o mais importante é
forçar a administração a pensar no futuro de seus negócios, antecipando os
problemas antes que eles aconteçam”. É evidente que quanto maior o conhecimento
do produtor sobre sua estrutura, funcionamento, mercado e a produção, maiores
serão as possibilidades de melhorar seus resultados financeiros no final do
mês.
Desigualdade é
visto e convivida em todas as áreas de negócios. Olhando para o cenário do
mercado, de um lado grandes produtores de leite, com o melhor nível
desenvolvido pela genética nos últimos tempos, instalações com alto padrão de
tecnologia, pesquisas diárias para melhoramento da produção e além do pessoal
capacitado que consegue manter no quadro de cooperadores da empresa. Por outro
lado temos o pequeno produtor, desprovido de recursos suficientes para manter
instalação, plantel, pessoal capacitado e pesquisas constantes na área de
criação de gado leiteiro.
Diante disso, este
estudo se justifica pois busca identificar a melhor fonte de renda para a
família no campo entre a pecuária de corte e pecuária leiteira em sua pequena
área de produção, objectivando esclarecer pontos relevantes na aquisição e
fontes de crédito a longo prazo na condição de empresa familiar, a fim de auxiliar
o pecuarista a encontrar sustentabilidade no campo de forma a amenizar a evasão
para os subúrbios urbanos.
1.4.Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
- Verificar a viabilidade de implantar a criação de gado leiteiro em
pequenas propriedades rurais utilizando recursos de terceiros, considerando
as praticas adoptadas em relação ao índice de rentabilidade obtido no
período.
1.4.2. Objectivos específicos
- Verificar o desafio da produção leiteira no mercado
actual, analisando as condições e rotinas desenvolvidas que mantém
pequenos produtores em plena actividade, considerando os altos padrões adoptados
pelos grandes produtores oferecendo mais por menos, mediante análise;
- Apontar os meios disponíveis alternativos para
melhorar a produção, distribuição, comercialização na actividade leiteira
para os pequenos produtores;
- Identificar as melhores fontes de crédito a longo
prazo para a actividade leiteira às condições de pequeno produtor rural.
2.
Resultados
esperados
Encontrar soluções das dificuldades do pequeno produtor,
visando melhores condições deste em sua propriedade. Criar condições para a permanência
do jovem no campo, bem como melhorar o estilo de vida das famílias em sua actividade,
diminuindo os riscos de abandono da zona rural para buscar sobrevivências nas
empresas dos grandes centros urbanos.
Identificar a
partir da pesquisa, a melhor fonte de renda para quem mantém à gerações, uma
pequena propriedade familiar. Através dos dados apresentados, esclarecer ao
produtor, que na sua condição de pequeno, realizar investimento na qualidade,
produtividade do seu rebanho é mais viável que aumentar sua quantidade no
primeiro momento.
3.
A
propriedade rural
A área que se
pretende utilizar para a criação de gado de leite é constituído por 16 hectares , sendo 3 hectares destinados as
plantações diversas, 5
hectares de mata fechada e 08 hectares de é
destinado a pastagens. Como toda criação do gado é feita a pasto, a área destinada
a pastagens estão divididas em três piquetes, onde é feito o manejo do gado
conforme a necessidade do pasto buscando sempre o melhor aproveitamento do
mesmo. Semanalmente será feito o manejo dos animais e no dia é oferecido
mistura de cana-de-açúcar e capim-elefante na cocheira. Sal mineral ou comum estão
disponíveis directamente no pasto próximo a área de descanso e água.
A criação será
pastoril, onde terá a área de pastagens em sistema rotativo e trato diário na
cocheira, visto que quanto mais alimentação a vaca em lactação ingerir, mais
tende a produzir. Dartora (2004), descreve os sistemas de criação em intensivo,
onde os animais irão receber mais que 50% dos alimentos no cocho, sistema
semi-intensivo, onde os animais recebem de 20 – 30% da alimentação no cocho e o
sistema pastoril, que é quando os animais recebem até 20% de alimento na cocheira.
A área de pasto mais distante do curral será destinada a criação de bezerras e novilhas
prenhes.
O pastejo
permanente em áreas grandes sempre é destrutivo quando não existe mais migração
do gado, no entanto a subdivisão em piquetes é indispensável para o melhor
aproveitamento, é o que orienta Primavesi (1985, p.74), quando afirma que “vaca
leiteira necessita de pastagem mista ou no mínimo piquetes com forrageiras
diferentes e ricas em ervas”. São vários os benefícios do produtor manter um
pasto de qualidade para sua produção,
MATOS (2010)
destaca como principais, sendo:
- Substituição de combustível, máquinas e equipamentos pela vaca;
- Menor investimento em instalações;
- Receita bruta da venda do leite menor, mas a margem bruta é maior
comparada ao sistema confiando.
Neste sistema de
pastejo, com a mudança periódica dos animais de um piquete a outro, favorecerá
a produção de forragem e a restituição do pasto utilizado, ficando disponível novamente
após completar o ciclo de descanso do mesmo, onde as vacas estiverem em outros piquetes.
O grande objectivo no sistema de pastagem é permitir às vacas uma eficiente
utilização da forragem da melhor qualidade durante o ano, sem comprometer a sustentabilidade
da mesma.
Para a
concretização deste projecto de criação de gado de leite, escolheu-se a criação
das vacas de raça Jersey, pois, tem características adequadas com o clima e
tempo da região a ser explorada. É uma vaca pequena e mansa. Sua produção
segundo ATHIÊ (1988) é em média 3.000 kg de leite por lactação, com teor de
gordura próximo a 4,5% sendo apreciado para a fabricação de queijos, produto
este com óptima circulação no mercado onde se localiza a propriedade.
As vacas dessa
raça, apresentam um período de lactação superior e maior teor de gordura, precocidade,
onde são inseminadas dos 14 aos 18 meses de idade, facilidade de parição, tem
vida produtiva e reprodutiva maior e mais longa que todas as raças leiteiras,
apta a solos pedregosos e íngremes sem apresentar problemas no casco são
algumas das razões pelas quais produtores optam pela raça. Nas condições da
raça citada, espera-se obter alto padrão em genética para que as novas reses
produzidas venham somar a qualidade da propriedade, e as possíveis vendas de novilhas
ou touros sejam melhor aproveitadas tanto para quem vende quanto para o comprador.
Optar pela produção
leiteira tem seus benefícios, porém existem pedras no meio do caminho que podem
prejudicar no andamento do mesmo, como por exemplo o preço do leite no mercado,
estrutura para processar o leite extra, falta de incentivo para
comercialização, falta ou atraso de pagamento, dentre outros problemas que
podem surgir no período segundo.
I.
Etapa para implementação a criação de
gado leiteiro
Para garantir o sucesso na criação
de gado de leite é necessário aprender todos os passos para criação e produção
do gado leiteiro. Para criar gado leiteiro é necessário primar por uma
série de cuidados essenciais para manter os animais saudáveis e conseguir
extrair um leite de boa qualidade para comercializar.
a)
Alimentação
A quantidade e qualidade de um alimento que o bovino
necessita para desempenhar normalmente suas funções dependem de uma série de factores
relacionado com o próprio animal, como seu peso, nível de produção, seu estágio
de gestação. Para MATOS (1997) a alimentação da vaca em lactação é de maior
importância para o sucesso da exploração, devido a isto, cuidar dos nutrientes,
água, proteínas, carbohidratos, gorduras, vitaminas e minerais são essenciais
para o aumento ou redução da produção, e ainda a empresa coloca como as principais
deficiências que limitam a produção leiteira, sendo a energia e a proteína.
Carvalho et al (2010)
acrescenta que manter uma alimentação adequada é de fundamental importância, tanto
do ponto de vista nutricional como económico. Segundo Matos (1997) para propor
um sistema de alimentação para uma propriedade, é preciso conhecer suas
necessidades diárias de vários nutrientes para cada categoria animal (bezerros,
novilhas, vacas em lactação ou não e touros) e a composição química dos
alimentos utilizados na propriedade. Para
garantir uma boa produção de leite é importante que o gado tenha uma
alimentação adequada, pois do contrário a vaca não terá nutrientes suficientes
para desenvolver o líquido. A alimentação básica dos animais deve começar com
um pasto de qualidade, livre de substâncias tóxicas.
O gado também deve ser alimentado três vezes por dia com sal grosso e
farelo, disponibilizados nos cochos. Os cochos precisam ser higienizados
diariamente para que os restos dos alimentos não fermentem e façam mal aos
animais. A água tem que ser trocada duas vezes por dia. Nos dois primeiros
meses de vida, os bezerros devem ser mantidos no curral, recebendo uma
alimentação especial para filhotes, além do próprio leite da mãe.
b)
Sanidade
A produtividade da pecuária depende directamente do
estado de saúde de seus animais. De acordo com Ribeiro & Fulong
(1997) em rebanhos que apresentam sintomas de doenças, factores como
produção e produtividade deixam a desejar, quando não se realizam medidas
rotineiras de prevenção e controle dos agentes de doenças. Segundo
Ribeiro (2010) a prevenção contra as doenças é o melhor tratamento que deve
ser oferecido aos animais, uma vez que o mesmo contribui na redução dos custos
e para a qualidade do leite.
c)
Instalação
Seja na pecuária ou na agricultura, as instalações estão
sempre presentes contribuindo para o produto final desde que planejada. Para
Kassies (1984), numa instalação a localização e a divisão devem oferecer um
ambiente prático e flexível para eventuais reajustes buscando melhorias no sector
e consequentemente maior produtividade. Rodrigues Filho & Azevedo (2010)
destacam que as instalações mais importantes para actividade leiteira são:
salas de ordenha, cercas, balança, cochos para o sal e embarcadouros. Ainda
lembra que a escolha do tipo da instalação deve-se levar em consideração os
custos, a durabilidade e a funcionalidade.
II.
Definição das Instalações
A intensificação dos sistemas de
produção de leite tem evoluído para um sistema de exploração na qual o uso de
tecnologia e capital passam a exigir do produtor melhor gerenciamento sobre os
recursos produtivos. Esta tendência afecta o sistema de produção como um todo,
em que os investimentos realizados precisam ser analisados com efectividade.
Assim, a adoção da exploração tecnificada poderá ser dirigida para o manejo
animal em regime de pasto associado à estabulação parcial (semi-confinamento)
ou estabulação completa (confinamento total).
Estes tipos de manejo requerem o
planeamento de instalações funcionais visando aumentar a eficiência da
mão-de-obra, oferecer condição de conforto aos animais, reduzir o número de
acidentes, bem como reduzir os custos de produção de leite. Deste modo,
torna-se essencial dar atenção ao planeamento dos componentes que constituem
uma instalação típica para a exploração de bovinos de leite.
III.
Dependência
das características dos sistemas produtivos
Definido o sistema de produção a ser
adoptado e o manejo detalhado do sistema produtivo, o projectista inicia a
elaboração do anteprojecto das instalações, verificando o arranjo físico
(“layout”) mais adequado do conjunto das instalações no local previamente
determinado e preparado. Após a definição desse “layout” juntamente com o
proprietário e demais membros de decisão, será elaborado o projecto global das
instalações, com todas as informações e detalhes necessários para a edificação:
a) Plantas:
- Planta
baixa, cortes e fachadas (escala 1:50 ou 1:100)
- Detalhes
(escala 1:10, 1:20 ou 1:25)
- Planta de
cobertura (escala 1:200)
- Planta de
situação (escala 1:200)
b) Memorial
descritivo das construções ou especificações técnicas: as informações
deverão ser claras e concisas com as descrições dos serviços, modo e processo
de execução, materiais, aparelhos e peças a serem utilizados de acordo com o
projecto arquitectónico, estrutural, eléctrico, hidráulico e outros que se
fizerem necessários.
c) Orçamento: deverá estimar
o custo provável da obra a ser executada, considerando: materiais, mão-de-obra,
encargos sociais, manutenção de equipamentos e ferramentas, benefícios e
despesas indirectas (BDI).
O orçamento será feito de duas
maneiras: pela relação total de materiais e mão-de-obra (tabelas para
composição de custos) e por unidade e custo (preços de unidades construtivas,
obtido em revistas especializadas).
d) Cronograma
físico-financeiro: numa tabela planeam-se os serviços a serem executados, o
período de execução (mensal ou trimestral), o tempo gasto para cada actividade
(serviço) e a previsão de custo ou facturamento no período e o custo total do
serviço. Um cronograma físico-financeiro bem elaborado facilita muito na
administração da obra, trazendo economia de tempo e dinheiro.
IV.
Factores que afectam a escolha das
instalações
As instalações destinadas a alojar o
gado leiteiro devem ser simples, eficientes, de baixo custo, e proporcionar aos
animais condições de conforto, espaço e protecção de um ambiente limpo, seco, e
de boas condições sanitárias para evitar doenças e permitir uma produção higiénica
do leite.
Factores económicos e técnicos precisam
ser considerados na escolha do tipo de instalação. Alguns princípios básicos
devem ser seguidos quando do planeamento e escolha das instalações para um
sistema de produção.
Localização: As instalações
devem ser localizadas em área ampla, de fácil acesso, boa drenagem e
relativamente distante de construções particulares, para evitar possíveis
problemas com doenças, moscas e odores. Água de boa qualidade e electricidade
devem ser supridas.
Tamanho ou
capacidade: As instalações devem ser suficientes para alojar o
número de animais (jovens e adultos) existentes e que serão mantidos na
propriedade. Também devem oferecer condições para que os animais sejam mantidos
sob conforto físico e térmico quando são alimentados, ordenhados ou outra actividade
de manejo.
Tipo de
instalação: A escolha do tipo de instalação depende entre outros factores,
do capital disponível, maior ou menor intensidade de mecanização, quantidade e
qualidade da mão-de-obra e da preferência do produtor. A instalação escolhida
deve proporcionar alto grau de eficácia da mão-de-obra, que está envolvida directamente
com a movimentação de alimentos, esterco, leite e animais.
O volume de cada uma dessas actividades
é considerável, e movimentar, em linha recta, o alimento, dejectos e animais, aumenta
grandemente a eficiência e eficácia da mão-de-obra. Evitando-se os cantos, os
corredores afunilados, degraus e pisos escorregadios, melhora-se a locomoção de
animais e se minimiza o risco de traumatismos principalmente dos membros e
úbere.
Indiferentemente do tipo de instalação
adoptado, componentes essenciais do sistema precisam ser incluídos nas
instalações centrais. Estes componentes ou áreas são destinados a:
- Alojar,
alimentar e ordenhar animais;
- Armazenar
volumosos e concentrados;
- Área para
maternidade, enfermaria e tratamento, realizar inseminação artificial e
outras áreas de serviço;
- Área para
cria e recria dos animais;
- Abrigo
para máquinas e equipamentos.
a)
Alojar os animais
As instalações destinadas a alojar as
diversas categorias de animais de um rebanho são projectadas em acordo com o
sistema de exploração a ser adoptado: pasto ou confinamento.
b)
Manejo
a pasto com suplementação volumosa no período seco do ano
O manejo em pasto requer estruturas
mais simples que são, em geral, mais baratas do que as utilizadas em
confinamento. Neste caso, currais, sala de ordenha, sala de leite, escritório,
bezerreiro convencional ou abrigos individuais, silos, abrigos rústicos para
novilhas e cochos cobertos para minerais, construídos nos pastos, tronco
para contenção dos animais, depósito para alimentos e preparo de rações,
reservatório de água, bebedouros, galpão para abrigo de máquinas e
equipamentos e cochos cobertos.
Ilustrando este tipo de instalação,
para um rebanho estabilizado com 60 vacas em lactação, deve-se, primeiramente,
projectar a composição média do rebanho (número e categoria de animais) e o
manejo a ser adoptado. Para manter, em média, esse número de fêmeas lactantes,
devem ocorrer, durante o ano, aproximadamente seis nascimentos por mês. Desse
modo, são necessários 15 abrigos individuais para alojar os bezerros(as) até
aos 70 dias, quando serão transferidos para os pastos (piquetes).
c)
Composição média do rebanho, exemplo
hipotético.
Categoria
|
Número de cabeças
|
Local de manejo e de alimentação
suplementar
|
Vacas em lactação
|
60
|
Estábulo e pasto
|
Vacas secas
|
15
|
Pasto
|
Nov0ilhas gestantes
|
20
|
Pasto
|
Fêmeas de 1 a 2 anos
|
20
|
Pasto
|
Fêmeas até 1 ano
|
25
|
Abrigos individuais até aos 70 dias
Pasto após 70 dias.
|
Machos até 1 ano
|
25
|
Abrigos individuais até aos 70 dias
Pasto após 70 dias.
|
Total
|
165
|
d)
Manejo
O manejo do gado leiteiro leva em consideração inúmeros
factores relacionados com o clima, solo, animais e plantas. Conforme varia um
destes parâmetros, varia também as formas de manejo, considerando que para um
determinado clima, o sistema de produção deve possibilitar aos animais do
rebanho externar todo seu potencial genético de produção, sem que haja prejuízo
as pastagens e ao solo.
Complementando
dados da Emater, Carvalho et al (2010), se posiciona ao sistema de produção
colocando que o mesmo é adoptado mediante desempenho dos animais e das práticas
de criação utilizadas pela família. Ainda propõe que o nível do rebanho pode
ser distribuído em três níveis distintos, segue:
- Alto, com produção acima de 4.200 kg/leite lactação;
- Médio, produção de 2.800 a 4.200 kg/leite por lactação;
- Baixo, com produções abaixo de 2.800 kg/leite por lactação.
Segundo Ferreira
(1997) para estruturação do manejo reprodutivo é indispensável a identificação
dos animais de modo visível e de fácil observação. Este trabalho facilita como garante
melhor controle das actividades da propriedade, visto que cada animal esta
sendo avaliado individualmente.
e)
Raça
Para Teixeira (1997), a baixa qualidade dos rebanhos
leiteiros justifica o melhoramento do potencial genético e do meio ambiente, visto
mesmo que em países com a pecuária desenvolvida, tem-se constantemente
trabalhado a capacidade genética do rebanho. Não considera menos importante que
aprimorar as práticas de alimentação, manejo e assistência técnica a
propriedade.
Normalmente, o sistema de produção de leite são
classificados em três categorias: intensivo,
semi-intensivo e extensivo. Porém destes derivam outros mais, como, o factor
fazenda, homem (produtor ou operário), a vaca, o clima, as instalações, as máquinas,
os manejos adoptados e o mercado. Mercado este, que definirá a qualidade do
leite, quantidade a ser produzida e o preço que será repassado ao consumidor.
Com o cenário actual
altamente competitivo, as novas exigências do sector tornou-se difícil a
produção leiteira nos moldes tradicionais. A pecuária leiteira perdeu muitos de
seus produtores, principalmente os pequenos, que viram sua actividade ser
inviabilizada diante das exigências do mercado. Muitos destes optam por outras
actividades dentro ou fora do campo e outros segundo Ohi (2010) acabaram no
mercado informal, na clandestinidade, ou migrando para as periferias dos
grandes centros, buscando melhor condição de vida.
Segundo Zoccal
(2010), 90% dos produtores de leite actualmente são considerados pequenos, sem
técnicas e consequentemente quantidade reduzida de litros produzidos ao dia, devido
a isso, esta categoria de produtores contribuem com apenas 20% do volume total nacional.
4.
Orçamento
para implementação do projecto de criação de gado de leite
Como as vacas/novilhas serão adquiridas prenhes,
necessita-se de uma capital maior para cobertura de gastos. No entanto, iniciar
investimentos na pecuária para leiteira numa pequena propriedade, os custos
iniciais podem ser relativamente alto considerando a actividade.
Descrição
|
Quantidade
|
Descrição
|
Unidade (Mt)
|
Total (Mt)
|
Tanque
Resfriador
|
2
|
250L
|
4.500,00
|
9.000,00
|
Latão
Tambor leite
|
4
|
50L
|
750,00
|
3.000,00
|
Balde
Alumínio
|
6
|
10L
|
250,00
|
1.500,00
|
Triturador
|
1
|
|
12.000,00
|
12.000,00
|
Ordenhadeira
|
1
|
|
22.000,00
|
22.000,00
|
Estábulo
|
1
|
|
9.750,00
|
9.750,00
|
Celeiro
|
1
|
|
15.000,00
|
15.000,00
|
Carreta/Charrete
|
1
|
|
3.350,00
|
3.350,00
|
Instalação
de Água
|
6
|
Cano ¾ - rolo 100m
|
350,00
|
21.000,00
|
Instalação
Energia
|
1
|
Geral
|
35.000,00
|
35.000,00
|
Instalação
Piquetes
|
12
|
Arames
|
600,00
|
7.200,00
|
Vacas
|
40
|
Jersey
|
14.000,00
|
560.000,00
|
Touro
|
20
|
Registado
|
12.000,00
|
240.000,00
|
Mula
|
1
|
|
7.750,00
|
7.750,00
|
Cana-de-açúcar
|
1
|
Plantar
|
24.000,00
|
24.000,00
|
Capim
Napier
|
1
|
Plantar
|
24.000,00
|
24.000,00
|
Total
|
|
|
|
1.005.550,00
|
5. Referencias Bibliografia
ASSIS, A.G. de. Sistema
de alimentação de vacas em produção. Coronel Pacheco: Embrapa Gado de
Leite, 1982.
ATHIÊ, Flávia. Gado Leiteiro: uma proposta adequada de
manejo. São Paulo: Nobel, 1988.
MATOS, Leovegildo Lopes de; Deresz, Fermino. Conceitos
modernos da exploração Leiteira: Anais do 2 Congresso Brasileiro de Gado
Leiteiro – Intensificação da produção de leite a pasto. Piracicaba: Fealq,
1996.
OHI, Masahiko. Princípios básicos para produção de leite
bovino. Curitiba: UFPR, 2010.
SILVA, H. C.
M. da. Instalações e manejo
do gado leiteiro. Belo Horizonte. São
Paulo: A.P.N.L., 1970.
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