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Projecto de criação de gado







1.     Introdução

Muitos problemas podem ser identificados nos sistemas de produção dos mais diversos campos agro-pecuários moçambicanos, porém estes números poderiam ser menores na condição de que as pesquisas realizadas por órgãos competentes e universidades tivessem ao alcance dos produtores rurais, em especial os pequenos de cunho familiar.
Na pecuária leiteira, a actividade restrita na pequena área da agricultura familiar, a produção e produtividade embora sejam pequenas, o leite garante um fluxo constante de entrada de dinheiro para o produtor. Embora as pessoas tomem menos quantidade de leite que o recomendado pelo Ministério da saúde, ainda assim falta leite no mercado, e ainda assim os produtores sofrem grandemente com as instabilidades dos preços.


















1.1. Delimitação da área de estudo

A propriedade onde se objectiva implantar a criação de gado leiteiro localiza-se no distrito de Luabo, mas, concretamente no povoado de Inhangombe, situado a 20 km a Oeste da vila sede do distrito, com um período de duração de cinco (5) anos. Luabo é um distrito da província da Zambézia, em Moçambique, com sede na povoação de Luabo, criado em 2013. Tem limite, a norte com o distrito de Inhassunge, a oeste com o distrito de Mopeia, a este com o distrito de Chinde e a sul com o distrito de Marromeu da província de Sofala, do qual está separado pelo rio Zambeze. O distrito foi criado com a elevação a esta categoria do posto administrativo do Luabo, que era parte do distrito de Chinde.

1.2.Problema

O grande problema da pecuária leiteira continua sendo a falta de organização, pano de fundo do gargalo da comercialização e da produção, respectivamente o preço e a dificuldade de se produzir e as técnicas de produção no período de inverno, no período da seca e a grande oscilação. "Se você tem um sector organizado, você não vai ter essa flutuação, não vai ter tanta flutuação de produção e muito menos de preço e mais poder de barganha".
Nos diversos sistemas de comunicação, informações estão disponíveis aos pecuarista de grande, médio e pequeno porte orientando como adquirir produtos de melhor qualidade, melhoramento genético, raças, manejo das pastagens, dados para aquisição de créditos no curto e longo prazo, dentre outras informações importantes para o aperfeiçoamento da actividade pecuária. Ainda assim, existe deficiência na administração e manutenção das propriedades. Na busca de melhores resultados financeiros alterar na pequena propriedade as actividades de pecuária de corte para pecuária leiteira, factores como mercado, preço, assistência técnica e insumos devem ser analisados antecipando problemas futuros que podem comprometer a família no campo.
Na actividade leiteira encontramos dificuldades para grandes produtores que trabalham com gado confinado ordenhando duas vezes ao dia a mesma vaca em lactação, quanto para as pequenas propriedades ordenhando uma vez ao dia e mantendo a alimentação de suas vacas pelo sistema rotativo de pastagens ou não, precisam obter lucros para se manter competitivas diante da concorrência, podendo estes ser os grandes produtores, bem como o preço oferecido pelo leite. Com o avanço da tecnologia assessorando as actividades diárias consegue-se produzir mais em menos tempo e espaço, ai surge a questão:
Ø  Onde e como conseguir recursos adequados a longo prazo às condições de pequeno produtor rural?

1.3.Justificativa

Famílias em nosso território rural nacional, tem em sua grande extensão migrado para os grandes centros urbanos em busca de novas alternativas de trabalho, na busca pela sobrevivência e qualidade de vida, por não conseguir visualizar aonde estão inseridas oportunidades para fazer de seu pequeno sítio uma empresa rural lucrativa a ponto de criar novas perspectivas e expectativas para sua produção. Devido a quantidade e qualidade de garantias apresentadas por pequenas propriedades familiares na hora da busca de crédito com terceiros, em muitas situações encontra-se alto grau de dificuldade na obtenção do mesmo, o que acaba dificultando e desmotivando o produtor frente a seus concorrentes ou associados.
Antes de investir numa nova actividade é prudente pesquisar as tendências de mercado para o sector a ser explorado, evitando prejuízos futuros. Devido a isto, substituir numa pequena propriedade familiar a pecuária de corte a pasto, onde os custos de produção são menores, animal pouco dependente do produtor, ou seja, menos trabalho integral onde a família tem mais tempo para dedicar em outra actividade na propriedade, para reinvestir na pecuária leiteira em novas estruturas de curral, pastagens, máquinas e equipamentos, gado, entre outras. Embora o livro-caixa da empresa familiar no novo negócio seja periódico e atractivo, deve-se do mesmo fazer atento controle devido nesta actividade seu custo ser alto em relação a cada litro de leite produzido. Dinheiro em caixa não é sinónimo de estabilidade financeira.
Embora o consumidor não deixe de consumir leite, fazer planeamento é essencial para a gestão sustentável da empresa. SANTOS e MARION (1996) afirmam que “o mais importante é forçar a administração a pensar no futuro de seus negócios, antecipando os problemas antes que eles aconteçam”. É evidente que quanto maior o conhecimento do produtor sobre sua estrutura, funcionamento, mercado e a produção, maiores serão as possibilidades de melhorar seus resultados financeiros no final do mês.
Desigualdade é visto e convivida em todas as áreas de negócios. Olhando para o cenário do mercado, de um lado grandes produtores de leite, com o melhor nível desenvolvido pela genética nos últimos tempos, instalações com alto padrão de tecnologia, pesquisas diárias para melhoramento da produção e além do pessoal capacitado que consegue manter no quadro de cooperadores da empresa. Por outro lado temos o pequeno produtor, desprovido de recursos suficientes para manter instalação, plantel, pessoal capacitado e pesquisas constantes na área de criação de gado leiteiro.
Diante disso, este estudo se justifica pois busca identificar a melhor fonte de renda para a família no campo entre a pecuária de corte e pecuária leiteira em sua pequena área de produção, objectivando esclarecer pontos relevantes na aquisição e fontes de crédito a longo prazo na condição de empresa familiar, a fim de auxiliar o pecuarista a encontrar sustentabilidade no campo de forma a amenizar a evasão para os subúrbios urbanos.








1.4.Objectivos

1.4.1.     Objectivo geral

  • Verificar a viabilidade de implantar a criação de gado leiteiro em pequenas propriedades rurais utilizando recursos de terceiros, considerando as praticas adoptadas em relação ao índice de rentabilidade obtido no período.

1.4.2.     Objectivos específicos

  • Verificar o desafio da produção leiteira no mercado actual, analisando as condições e rotinas desenvolvidas que mantém pequenos produtores em plena actividade, considerando os altos padrões adoptados pelos grandes produtores oferecendo mais por menos, mediante análise;
  • Apontar os meios disponíveis alternativos para melhorar a produção, distribuição, comercialização na actividade leiteira para os pequenos produtores;
  • Identificar as melhores fontes de crédito a longo prazo para a actividade leiteira às condições de pequeno produtor rural.

2.     Resultados esperados

Encontrar soluções das dificuldades do pequeno produtor, visando melhores condições deste em sua propriedade. Criar condições para a permanência do jovem no campo, bem como melhorar o estilo de vida das famílias em sua actividade, diminuindo os riscos de abandono da zona rural para buscar sobrevivências nas empresas dos grandes centros urbanos.
Identificar a partir da pesquisa, a melhor fonte de renda para quem mantém à gerações, uma pequena propriedade familiar. Através dos dados apresentados, esclarecer ao produtor, que na sua condição de pequeno, realizar investimento na qualidade, produtividade do seu rebanho é mais viável que aumentar sua quantidade no primeiro momento.



3.     A propriedade rural

A área que se pretende utilizar para a criação de gado de leite é constituído por 16 hectares, sendo 3 hectares destinados as plantações diversas, 5 hectares de mata fechada e 08 hectares de é destinado a pastagens. Como toda criação do gado é feita a pasto, a área destinada a pastagens estão divididas em três piquetes, onde é feito o manejo do gado conforme a necessidade do pasto buscando sempre o melhor aproveitamento do mesmo. Semanalmente será feito o manejo dos animais e no dia é oferecido mistura de cana-de-açúcar e capim-elefante na cocheira. Sal mineral ou comum estão disponíveis directamente no pasto próximo a área de descanso e água.
A criação será pastoril, onde terá a área de pastagens em sistema rotativo e trato diário na cocheira, visto que quanto mais alimentação a vaca em lactação ingerir, mais tende a produzir. Dartora (2004), descreve os sistemas de criação em intensivo, onde os animais irão receber mais que 50% dos alimentos no cocho, sistema semi-intensivo, onde os animais recebem de 20 – 30% da alimentação no cocho e o sistema pastoril, que é quando os animais recebem até 20% de alimento na cocheira. A área de pasto mais distante do curral será destinada a criação de bezerras e novilhas prenhes.
O pastejo permanente em áreas grandes sempre é destrutivo quando não existe mais migração do gado, no entanto a subdivisão em piquetes é indispensável para o melhor aproveitamento, é o que orienta Primavesi (1985, p.74), quando afirma que “vaca leiteira necessita de pastagem mista ou no mínimo piquetes com forrageiras diferentes e ricas em ervas”. São vários os benefícios do produtor manter um pasto de qualidade para sua produção,
MATOS (2010) destaca como principais, sendo:
  • Substituição de combustível, máquinas e equipamentos pela vaca;
  • Menor investimento em instalações;
  • Receita bruta da venda do leite menor, mas a margem bruta é maior comparada ao sistema confiando.
Neste sistema de pastejo, com a mudança periódica dos animais de um piquete a outro, favorecerá a produção de forragem e a restituição do pasto utilizado, ficando disponível novamente após completar o ciclo de descanso do mesmo, onde as vacas estiverem em outros piquetes. O grande objectivo no sistema de pastagem é permitir às vacas uma eficiente utilização da forragem da melhor qualidade durante o ano, sem comprometer a sustentabilidade da mesma.
Para a concretização deste projecto de criação de gado de leite, escolheu-se a criação das vacas de raça Jersey, pois, tem características adequadas com o clima e tempo da região a ser explorada. É uma vaca pequena e mansa. Sua produção segundo ATHIÊ (1988) é em média 3.000 kg de leite por lactação, com teor de gordura próximo a 4,5% sendo apreciado para a fabricação de queijos, produto este com óptima circulação no mercado onde se localiza a propriedade.
As vacas dessa raça, apresentam um período de lactação superior e maior teor de gordura, precocidade, onde são inseminadas dos 14 aos 18 meses de idade, facilidade de parição, tem vida produtiva e reprodutiva maior e mais longa que todas as raças leiteiras, apta a solos pedregosos e íngremes sem apresentar problemas no casco são algumas das razões pelas quais produtores optam pela raça. Nas condições da raça citada, espera-se obter alto padrão em genética para que as novas reses produzidas venham somar a qualidade da propriedade, e as possíveis vendas de novilhas ou touros sejam melhor aproveitadas tanto para quem vende quanto para o comprador.
Optar pela produção leiteira tem seus benefícios, porém existem pedras no meio do caminho que podem prejudicar no andamento do mesmo, como por exemplo o preço do leite no mercado, estrutura para processar o leite extra, falta de incentivo para comercialização, falta ou atraso de pagamento, dentre outros problemas que podem surgir no período segundo.

I.                Etapa para implementação a criação de gado leiteiro

Para garantir o sucesso na criação de gado de leite é necessário aprender todos os passos para criação e produção do gado leiteiro. Para criar gado leiteiro é necessário primar por uma série de cuidados essenciais para manter os animais saudáveis e conseguir extrair um leite de boa qualidade para comercializar.

a)     Alimentação

A quantidade e qualidade de um alimento que o bovino necessita para desempenhar normalmente suas funções dependem de uma série de factores relacionado com o próprio animal, como seu peso, nível de produção, seu estágio de gestação. Para MATOS (1997) a alimentação da vaca em lactação é de maior importância para o sucesso da exploração, devido a isto, cuidar dos nutrientes, água, proteínas, carbohidratos, gorduras, vitaminas e minerais são essenciais para o aumento ou redução da produção, e ainda a empresa coloca como as principais deficiências que limitam a produção leiteira, sendo a energia e a proteína.
Carvalho et al (2010) acrescenta que manter uma alimentação adequada é de fundamental importância, tanto do ponto de vista nutricional como económico. Segundo Matos (1997) para propor um sistema de alimentação para uma propriedade, é preciso conhecer suas necessidades diárias de vários nutrientes para cada categoria animal (bezerros, novilhas, vacas em lactação ou não e touros) e a composição química dos alimentos utilizados na propriedade. Para garantir uma boa produção de leite é importante que o gado tenha uma alimentação adequada, pois do contrário a vaca não terá nutrientes suficientes para desenvolver o líquido. A alimentação básica dos animais deve começar com um pasto de qualidade, livre de substâncias tóxicas.
O gado também deve ser alimentado três vezes por dia com sal grosso e farelo, disponibilizados nos cochos. Os cochos precisam ser higienizados diariamente para que os restos dos alimentos não fermentem e façam mal aos animais. A água tem que ser trocada duas vezes por dia. Nos dois primeiros meses de vida, os bezerros devem ser mantidos no curral, recebendo uma alimentação especial para filhotes, além do próprio leite da mãe.

b)     Sanidade

A produtividade da pecuária depende directamente do estado de saúde de seus animais. De acordo com Ribeiro & Fulong (1997) em rebanhos que apresentam sintomas de doenças, factores como produção e produtividade deixam a desejar, quando não se realizam medidas rotineiras de prevenção e controle dos agentes de doenças. Segundo Ribeiro (2010) a prevenção contra as doenças é o melhor tratamento que deve ser oferecido aos animais, uma vez que o mesmo contribui na redução dos custos e para a qualidade do leite.

c)     Instalação

Seja na pecuária ou na agricultura, as instalações estão sempre presentes contribuindo para o produto final desde que planejada. Para Kassies (1984), numa instalação a localização e a divisão devem oferecer um ambiente prático e flexível para eventuais reajustes buscando melhorias no sector e consequentemente maior produtividade. Rodrigues Filho & Azevedo (2010) destacam que as instalações mais importantes para actividade leiteira são: salas de ordenha, cercas, balança, cochos para o sal e embarcadouros. Ainda lembra que a escolha do tipo da instalação deve-se levar em consideração os custos, a durabilidade e a funcionalidade.

II.              Definição das Instalações

A intensificação dos sistemas de produção de leite tem evoluído para um sistema de exploração na qual o uso de tecnologia e capital passam a exigir do produtor melhor gerenciamento sobre os recursos produtivos. Esta tendência afecta o sistema de produção como um todo, em que os investimentos realizados precisam ser analisados com efectividade. Assim, a adoção da exploração tecnificada poderá ser dirigida para o manejo animal em regime de pasto associado à estabulação parcial (semi-confinamento) ou estabulação completa (confinamento total).
Estes tipos de manejo requerem o planeamento de instalações funcionais visando aumentar a eficiência da mão-de-obra, oferecer condição de conforto aos animais, reduzir o número de acidentes, bem como reduzir os custos de produção de leite. Deste modo, torna-se essencial dar atenção ao planeamento dos componentes que constituem uma instalação típica para a exploração de bovinos de leite.

III.             Dependência das características dos sistemas produtivos

Definido o sistema de produção a ser adoptado e o manejo detalhado do sistema produtivo, o projectista inicia a elaboração do anteprojecto das instalações, verificando o arranjo físico (“layout”) mais adequado do conjunto das instalações no local previamente determinado e preparado. Após a definição desse “layout” juntamente com o proprietário e demais membros de decisão, será elaborado o projecto global das instalações, com todas as informações e detalhes necessários para a edificação:
a) Plantas:
  • Planta baixa, cortes e fachadas (escala 1:50 ou 1:100)
  • Detalhes (escala 1:10, 1:20 ou 1:25)
  • Planta de cobertura (escala 1:200)
  • Planta de situação (escala 1:200)
b) Memorial descritivo das construções ou especificações técnicas: as informações deverão ser claras e concisas com as descrições dos serviços, modo e processo de execução, materiais, aparelhos e peças a serem utilizados de acordo com o projecto arquitectónico, estrutural, eléctrico, hidráulico e outros que se fizerem necessários.
c) Orçamento: deverá estimar o custo provável da obra a ser executada, considerando: materiais, mão-de-obra, encargos sociais, manutenção de equipamentos e ferramentas, benefícios e despesas indirectas (BDI).
O orçamento será feito de duas maneiras: pela relação total de materiais e mão-de-obra (tabelas para composição de custos) e por unidade e custo (preços de unidades construtivas, obtido em revistas especializadas).
d) Cronograma físico-financeiro: numa tabela planeam-se os serviços a serem executados, o período de execução (mensal ou trimestral), o tempo gasto para cada actividade (serviço) e a previsão de custo ou facturamento no período e o custo total do serviço. Um cronograma físico-financeiro bem elaborado facilita muito na administração da obra, trazendo economia de tempo e dinheiro.

IV.            Factores que afectam a escolha das instalações

As instalações destinadas a alojar o gado leiteiro devem ser simples, eficientes, de baixo custo, e proporcionar aos animais condições de conforto, espaço e protecção de um ambiente limpo, seco, e de boas condições sanitárias para evitar doenças e permitir uma produção higiénica do leite.
Factores económicos e técnicos precisam ser considerados na escolha do tipo de instalação. Alguns princípios básicos devem ser seguidos quando do planeamento e escolha das instalações para um sistema de produção.
Localização: As instalações devem ser localizadas em área ampla, de fácil acesso, boa drenagem e relativamente distante de construções particulares, para evitar possíveis problemas com doenças, moscas e odores. Água de boa qualidade e electricidade devem ser supridas.
Tamanho ou capacidade: As instalações devem ser suficientes para alojar o número de animais (jovens e adultos) existentes e que serão mantidos na propriedade. Também devem oferecer condições para que os animais sejam mantidos sob conforto físico e térmico quando são alimentados, ordenhados ou outra actividade de manejo.
Tipo de instalação: A escolha do tipo de instalação depende entre outros factores, do capital disponível, maior ou menor intensidade de mecanização, quantidade e qualidade da mão-de-obra e da preferência do produtor. A instalação escolhida deve proporcionar alto grau de eficácia da mão-de-obra, que está envolvida directamente com a movimentação de alimentos, esterco, leite e animais.
O volume de cada uma dessas actividades é considerável, e movimentar, em linha recta, o alimento, dejectos e animais, aumenta grandemente a eficiência e eficácia da mão-de-obra. Evitando-se os cantos, os corredores afunilados, degraus e pisos escorregadios, melhora-se a locomoção de animais e se minimiza o risco de traumatismos principalmente dos membros e úbere.
Indiferentemente do tipo de instalação adoptado, componentes essenciais do sistema precisam ser incluídos nas instalações centrais. Estes componentes ou áreas são destinados a:
  • Alojar, alimentar e ordenhar animais;
  • Armazenar volumosos e concentrados;
  • Área para maternidade, enfermaria e tratamento, realizar inseminação artificial e outras áreas de serviço;
  • Área para cria e recria dos animais;
  • Abrigo para máquinas e equipamentos.

a)      Alojar os animais

As instalações destinadas a alojar as diversas categorias de animais de um rebanho são projectadas em acordo com o sistema de exploração a ser adoptado: pasto ou confinamento.

b)     Manejo a pasto com suplementação volumosa no período seco do ano

O manejo em pasto requer estruturas mais simples que são, em geral, mais baratas do que as utilizadas em confinamento. Neste caso, currais, sala de ordenha, sala de leite, escritório, bezerreiro convencional ou abrigos individuais, silos, abrigos rústicos para novilhas  e cochos cobertos para minerais, construídos nos pastos, tronco para contenção dos animais, depósito para alimentos e preparo de rações, reservatório de água, bebedouros, galpão para abrigo de máquinas e equipamentos  e cochos cobertos.
Ilustrando este tipo de instalação, para um rebanho estabilizado com 60 vacas em lactação, deve-se, primeiramente, projectar a composição média do rebanho (número e categoria de animais) e o manejo a ser adoptado. Para manter, em média, esse número de fêmeas lactantes, devem ocorrer, durante o ano, aproximadamente seis nascimentos por mês. Desse modo, são necessários 15 abrigos individuais para alojar os bezerros(as) até aos 70 dias, quando serão transferidos para os pastos (piquetes).

c)      Composição média do rebanho, exemplo hipotético. 

Categoria
Número de cabeças
Local de manejo e de alimentação suplementar
Vacas em lactação
60
Estábulo e pasto
Vacas secas
15
Pasto
Nov0ilhas gestantes
20
Pasto
Fêmeas de 1 a 2 anos
20
Pasto
Fêmeas até 1 ano
25
Abrigos individuais até aos 70 dias
Pasto após 70 dias.
Machos até 1 ano
25
Abrigos individuais até aos 70 dias
Pasto após 70 dias.
Total
165

d)      Manejo

O manejo do gado leiteiro leva em consideração inúmeros factores relacionados com o clima, solo, animais e plantas. Conforme varia um destes parâmetros, varia também as formas de manejo, considerando que para um determinado clima, o sistema de produção deve possibilitar aos animais do rebanho externar todo seu potencial genético de produção, sem que haja prejuízo as pastagens e ao solo.
Complementando dados da Emater, Carvalho et al (2010), se posiciona ao sistema de produção colocando que o mesmo é adoptado mediante desempenho dos animais e das práticas de criação utilizadas pela família. Ainda propõe que o nível do rebanho pode ser distribuído em três níveis distintos, segue:
  • Alto, com produção acima de 4.200 kg/leite lactação;
  • Médio, produção de 2.800 a 4.200 kg/leite por lactação;
  • Baixo, com produções abaixo de 2.800 kg/leite por lactação.
Segundo Ferreira (1997) para estruturação do manejo reprodutivo é indispensável a identificação dos animais de modo visível e de fácil observação. Este trabalho facilita como garante melhor controle das actividades da propriedade, visto que cada animal esta sendo avaliado individualmente.

e)     Raça

Para Teixeira (1997), a baixa qualidade dos rebanhos leiteiros justifica o melhoramento do potencial genético e do meio ambiente, visto mesmo que em países com a pecuária desenvolvida, tem-se constantemente trabalhado a capacidade genética do rebanho. Não considera menos importante que aprimorar as práticas de alimentação, manejo e assistência técnica a propriedade.
Normalmente, o sistema de produção de leite são classificados em três categorias: intensivo, semi-intensivo e extensivo. Porém destes derivam outros mais, como, o factor fazenda, homem (produtor ou operário), a vaca, o clima, as instalações, as máquinas, os manejos adoptados e o mercado. Mercado este, que definirá a qualidade do leite, quantidade a ser produzida e o preço que será repassado ao consumidor.
Com o cenário actual altamente competitivo, as novas exigências do sector tornou-se difícil a produção leiteira nos moldes tradicionais. A pecuária leiteira perdeu muitos de seus produtores, principalmente os pequenos, que viram sua actividade ser inviabilizada diante das exigências do mercado. Muitos destes optam por outras actividades dentro ou fora do campo e outros segundo Ohi (2010) acabaram no mercado informal, na clandestinidade, ou migrando para as periferias dos grandes centros, buscando melhor condição de vida.
Segundo Zoccal (2010), 90% dos produtores de leite actualmente são considerados pequenos, sem técnicas e consequentemente quantidade reduzida de litros produzidos ao dia, devido a isso, esta categoria de produtores contribuem com apenas 20% do volume total nacional.

4.     Orçamento para implementação do projecto de criação de gado de leite

Como as vacas/novilhas serão adquiridas prenhes, necessita-se de uma capital maior para cobertura de gastos. No entanto, iniciar investimentos na pecuária para leiteira numa pequena propriedade, os custos iniciais podem ser relativamente alto considerando a actividade.
Descrição
Quantidade
Descrição
Unidade (Mt)
Total (Mt)
Tanque Resfriador
2
250L
4.500,00
9.000,00
Latão Tambor leite
4
50L
750,00
3.000,00
Balde Alumínio
6
10L
250,00
1.500,00
Triturador
1

12.000,00
12.000,00
Ordenhadeira
1

22.000,00
22.000,00
Estábulo
1

9.750,00
9.750,00
Celeiro
1

15.000,00
15.000,00
Carreta/Charrete
1

3.350,00
3.350,00
Instalação de Água
6
Cano ¾ - rolo 100m
350,00
21.000,00
Instalação Energia
1
Geral
35.000,00
35.000,00
Instalação Piquetes
12
Arames
600,00
7.200,00
Vacas
40
Jersey
14.000,00
560.000,00
Touro
20
Registado
12.000,00
240.000,00
Mula
1

7.750,00
7.750,00
Cana-de-açúcar
1
Plantar
24.000,00
24.000,00
Capim Napier
1
Plantar
24.000,00
24.000,00
Total



1.005.550,00









5.     Referencias Bibliografia


ASSIS, A.G. de. Sistema de alimentação de vacas em produção. Coronel Pacheco: Embrapa Gado de Leite, 1982.
ATHIÊ, Flávia. Gado Leiteiro: uma proposta adequada de manejo. São Paulo: Nobel, 1988.
MATOS, Leovegildo Lopes de; Deresz, Fermino. Conceitos modernos da exploração Leiteira: Anais do 2 Congresso Brasileiro de Gado Leiteiro – Intensificação da produção de leite a pasto. Piracicaba: Fealq, 1996.
OHI, Masahiko. Princípios básicos para produção de leite bovino. Curitiba: UFPR, 2010.
SILVA, H. C. M. da. Instalações e manejo do gado leiteiro. Belo Horizonte. São Paulo: A.P.N.L., 1970.

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