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O Desenvolvimento Das Ciências Naturais e os Pressupostos Para o Surgimento De Psicologia Como Ciência Independente



Introdução

A psicologia científica nasceu nas Universidades alemãs no século XIX e, desde então, difundiu-se para todo o mundo desenvolvido. Este nascimento na Alemanha não foi acidental. A psicologia científica é um produto da universidade moderna que, com sua dupla ênfase no ensino e na pesquisa, foi primeiramente estabelecida na Alemanha. O excelente padrão de ensino e de pesquisa estabelecido na Universidade de Berlin propagou-se rapidamente às outras universidades alemãs que eram instituições mantidas pelo Estado, Laboratórios bem aparelhados foram estabelecidos para pesquisa em física, fisiologia e outras disciplinas científicas. Durante o século XIX, reuniu semelhante grupo de cientistas e de estudantes tão notáveis, providos com tantas facilidades ou recompensados com igual respeito. Portanto, não foi acidentalmente que a psicologia científica teve origem na Alemanha. A psicologia surgiu como uma disciplina científica pelo estabelecimento do primeiro instituto de psicologia em 1870, em Leipzig, na Alemanha, por Wilhelm Wundt (1832-1920). É aqui que os primeiros psicólogo profissionais adquiriram as competências de trabalho experimental para estudar a mente. Neste trabalho iremos abordar sobre o desenvolvimento das ciências naturais e mais concretamente dos pressupostos para o surgimento da psicologia como ciência independente.



 

 

 

                                                                          

História da psicologia


Toda e qualquer produção humana, tem por trás de si a contribuição de inúmeros homens, que, num tempo anterior ao presente, fizeram indagações, realizaram descobertas, inventaram técnicas e desenvolveram ideias, isto é, por trás de qualquer produção material ou espiritual, existe a História. Compreender em profundidade algo, que compõe a perspectiva de futuro para entendermos quem somos e por que somos de uma determinada forma, por trás do mundo, significa recuperar sua história. O passado e o futuro sempre estão no presente, enquanto base constitutiva e enquanto projecto. Por exemplo, todos nós temos uma história pessoal e nos tornamos pouco compreensíveis se não recorremos a ela e à nossa História. Esta história pode ser mais ou menos longa para os diferentes aspectos da produção humana.

No caso da Psicologia, a história tem por volta de dois milênios. Esse tempo refere-se à Psicologia no Ocidente, que começa entre os gregos, no período anterior à era cristã. Para compreender a diversidade com que a Psicologia se apresenta hoje, é indispensável recuperar sua história. A história de sua construção está ligada, em cada momento histórico, às exigências de conhecimento da humanidade, às demais áreas do conhecimento humano e aos novos desafios colocados pela realidade econômica e social e pela insaciável necessidade do homem de compreender a si mesmo.
 O termo psicologia foi encontrado pela primeira vez em livros filosóficos do século XVI e foi formada em duas palavras gregas: psiché (alma) e logos (dotrina). Por alma entendesse o princípio subjacente de todos os fenómenos da vida mental e espiritual. Uma das principais pedras na base da psicologia como ciência foi colocada pelo médico do grego clássico Alemeão de crotona no século VI aC que propõe que a vida mental é uma função do cérebro. Esta ideia fomece uma base para entender a psique humana ate hoje.
Para se conhecer o psiquismo humano, passa a ser necessário compreender os mecanismos e o funcionamento da máquina de pensar do homem - seu cérebro. Assim, a Psicologia começa a trilhar os caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia, da Filosofia e Neurofisiologia. Algumas descobertas são extremamente relevantes para a psicologia. Por exemplo, por volta de 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da acção directa ou indirecta de diversos factores sobre as células cerebrais.
 A Neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. Por exemplo, quando alguém queima a mão em uma chapa quente, primeiro tira-a da chapa para depois perceber o que aconteceu. Esse fenómeno chama-se reflexo, e o estímulo que chega à medula espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais superiores, recebe uma ordem para a resposta, que é tirar a mão.

 O caminho natural que os fisiologistas da época seguiam, quando passavam a se interessar pelo fenómeno psicológico enquanto estudo científico, era a Psicofísica. Estudavam, por exemplo, a fisiologia do olho e a percepção das cores. As cores eram estudadas como fenómeno da Física, e a percepção, como fenómeno da Psicologia.
A evolução da ciência psicológica atrai novos estudiosos e pesquisadores, que, sob os novos padrões de produção de conhecimento, passam a: definir seu objecto de estudo (o comportamento, a vida psíquica, a consciência); delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de conhecimento, como a Filosofia e a Fisiologia; formular métodos de estudo desse objecto; formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimentos na área.

Os Pressupostos Para o Surgimento da Psicologia Como Ciência Independente


Entre 1850 e 1879 três grandes figuras em particular marcaram este caminho. Fechner formulou os métodos básicos de psicofísica quantitativa, Helmholtz sistematizou o acesso experimental aos problemas da percepção sensorial, bem como mediu a velocidade dos impulsos nervosos; e Wundt organizou toda a área da psicologia fisiológica, relacionado com o grande domínio da psicologia em geral, e deu à psicologia sua identidade institucional.

G. T. Fechner (1801-1887) - Física, Filósofofia e Matemática

Fechner, Físico e Filósofo, trabalhou assiduamente em um problema estritamente individual - a relação entre estímulo e sensação - ele introduziu a metodologia, a experimentação sistemática e a avaliação quantitativa dos resultados. Apesar da discussão de suas hipóteses e de suas conclusões, ele inaugurou uma nova era no estudo dos processos mentais.
Segundo Boring, “Elemente der Psychophysik” (Elementos de Psicofísica - 1860) de Fechner encontra-se no topo da nova ciência da psicologia. Fechner inventou métodos de mensuração psicológica baseado em considerações estatísticas, que são os verdadeiros fundamentos da psicologia experimental de nossos dias.
O resultado da longa pesquisa de Fechner foi a formulação de sua  famosa lei logarítmica, que postulava que, a grandeza de uma sensação, varia de acordo com o logarítmo do estímulo. Quaisquer que fossem as objecções às propostas iniciais de Fechner, o uso de métodos quantitativos em psicologia tem proliferado, e uma nova psicologia tem surgido baseada no antigo modelo Fechneriano. Métodos de escalas directas tem conduzido a uma grande variedade de aplicações de técnicas quantitativas a outras áreas além da sensação, e no campo da sensação novas teorias, como as teorias do quanta neural e da detecção dos sinais, tem originado novas áreas de investigação. A psicologia matemática tem se desenvolvido enormemente, bem como tem se tornado uma área altamente especializada com suas próprias revistas técnicas. Tudo isso se deu graças à iniciativa de Fechner.

Helmholtz - Física, Fisiologia, Anatomia, Matemática e Psicologia

Helmholtz um dos grandes cientistas da época, igualmente renomado como físico, fisiologista, matemático e psicólogo, trouxe todo o arsenal científico para dar apoio a uma área de investigação psicológica, a da percepção sensorial, e mais do que qualquer outro estabeleceu o modelo para o desenvolvimento de uma psicologia experimental. Graduado em medicina por Johannes Müller em Berlim, tendo, depois de sua qualificação, trabalhado por cinco anos como cirurgião do Exército, ele dedicou-se a leccionar cadeiras em fisiologia, anatomia e física em diferentes universidades alemãs.
Nos seus estudos em matemática e física, Helmholtz aprendeu a importância da precisão. Ele enfatizou a necessidade do cientista de possuir habilidades manuais. Talvez sua contribuição mais importante para a psicologia seja seu domínio da metodologia científica e seu reconhecimento de que essa metodologia era aplicável em alguns problemas da mente.
As pesquisas psicológicas de Helmholtz foram restritas aos dois sentidos superiores da visão e da audição. Ele considerou essa área especialmente importante porque a fisiologia dos sentidos é o limite de uma área em que as duas grandes divisões do conhecimento humano, as ciências natural e mental, invadem uma o domínio da outra e os problemas levantados são importantes para ambas, bem como somente um trabalho de conjunto das duas pode resolvê-los.
Ele foi realmente um tanto céptico, quanto a até que ponto os métodos científicos poderiam ser aplicados à ciência mental. Ele falou de uma diferença genérica entre as ciências naturais e morais e afirmou que na vida mental, as influências são tão interligadas que nenhuma sequência definida pode, excepto raramente, ser demonstrada. Contudo, ele sustentou que a memória, as experiências e as práticas, também são fatos, portanto suas leis podem ser investigadas, e o futuro comprovaria que os métodos experimentais poderiam ser aplicados bem mais extensivamente do que da maneira como ele próprio os aplicava. Sua importância foi ter estabelecido um modelo metodológico.

Wilhelm Wundt (1832-1920) - Biologia e Medicina

A separação, consolidação e institucionalização dessa nova abordagem psicológica foi o resultado do trabalho de Wilhelm Wundt. Antes de 1862, Wundt já havia considerado a possibilidade de uma psicologia experimental, quando escreveu que a importância que a experimentação terá para a psicologia, tem sido muito pouco visualizada em toda a sua extensão.
A principal importância de Wundt está na consolidação e institucionalização da psicologia. Formado em medicina na Universidade de Tubigen, e passando um curto período em Berlim, com J. Müller e Du Bois Reymond, Wundt trabalhou aproximadamente vinte anos na Universidade de Heidelberg, oficialmente como psicólogo, mesmo assim de 1860 em diante seu interesse voltou-se ainda mais à psicologia. Em 1875, Wundt foi escolhido para ser professor de filosofia em Leipzig e ele se manteve nessa cadeira até 1917, três anos antes de sua morte.
Não há dúvida de que Wundt, na psicologia, preocupou-se essencialmente com o estudo da consciência. Mesmo centrado na consciência, a principal parte dessa pesquisa foi realizada objetiva e meticulosamente e dentro da tradição das ciências naturais.
 Wundt obstinadamente insistiu que o psíquico e o físico eram domínios completamente distintos; e que as causas e as leis psíquicas eram totalmente diferentes das leis causais da física. Ele acreditava que as funções mais superiores e complexas da mente humana não poderiam ser examinadas experimentalmente com o método das ciências naturais, mas deveriam ser estudadas através das suas manifestações históricas na cultura, linguagem, mito e religião. A psicologia era tanto uma disciplina humanista quanto uma ciência natural.
Porém, mais influente do que qualquer uma de suas ideias ou do que seu sistema como um todo, foi o fato do seu estabelecimento de um instituto de pesquisa experimental em psicologia. Isso foi realmente um grande exemplo da “heterogeneidade dos fins”, para conduzir as consequências muito mais extensivamente do que o próprio Wundt poderia sequer conceber ou realmente teria aprovado o florescer da psicologia experimental.
O crescimento da psicologia experimental durante o século passado pode ser considerado excepcional. Não só tem se desenvolvido como uma disciplina experimental, aumentando seu escopo, refinando seus métodos e estabelecendo suas bases institucionais; mas também tem promovido o crescimento de uma variedade de ramificações e aplicações. A experimentação, no entanto, não é a única fonte dos dados psicológicos. A psicologia, nos anos mais recentes, foi parcialmente influenciada pela medicina, ciências sociais e filosofia. Porém, antes de examinar essas influências, é preciso mencionar resumidamente alguns outros avanços científicos da psicologia.
 O principal componente da transmutação da psicologia de uma disciplina filosófica para uma científica, como já visto, foi o resultado da união entre a filosofia e a fisiologia, nas universidades alemãs da metade do século XIX. Houve, porém, outros componentes significativos um francês e um inglês. O componente francês era muito ligado à medicina e enfatizava o valor da experimentação natural de patologias que traziam informações tanto de processos mentais normais, quanto anormais; assumindo que “a doença mental é, de fato, uma experimentação feita pela própria natureza”

William James (1842-1910) - Filosofia, Medicina e Ciências Naturais

O papel de William James (1842-1910) no desenvolvimento da psicologia científica foi peculiar. Diferentemente de Fechner, Helmholtz, Wundt ele não foi um cientista experimental. Na verdade, James precocemente admitiu possuir um temperamento que não era compatível com trabalhos de laboratório, e a isto acrescentava-se o desgosto por matemática e análises lógicas. Por outro lado, ele era um génio intuitivo com interesses em várias áreas, com conhecimentos em medicina e ciências naturais e também influenciado por tendências literárias, artísticas e filosóficas de sua época. Em qualquer ciência há dois ingredientes principais o conteúdo e a metodologia. Na psicologia, ele foi uma figura de transição, mas uma figura de transição de enorme importância, cujas ideias de longo alcance não podiam ser confinadas às preocupações e limitações dos primeiros experimentalistas.
Sua psicologia consistia em duas bases principais: primeiramente a biologia e, em segundo lugar, o que ele definiu como empiricismo radical, pelo qual ele determinava o reconhecimento de toda riqueza e variedade da experiência. Em primeiro lugar, entretanto, a biologia: o caminho para um entendimento mais profundo da sequência de nossas ideias, ele afirmou, está na rota da fisiologia cerebral. A mais importante doutrina da fisiologia cerebral foi a doutrina do ato reflexo, que dava a entender que o resultado do funcionamento dos nervos e do cérebro era uma descarga motora. Ele foi mais longe, explicando eventos mentais em termos fisiológicos; assim, a memória foi explicada pelo “caminho do cérebro”  e na bem conhecida teoria da emoção, denominada teoria de James-Lange (em função da promulgação quase simultânea das idéias de James e do fisiologista dinamarquês Lange), as alterações fisiológicas eram prioritárias à emoção experienciada.
Em tudo isso James estava olhando adiante do fechado mundo dos laboratórios do período de transição entre o século XIX para o século XX e ao que está relacionado com o mesmo o impacto das novas ideias vindas da medicina e das ciências sociais, a ascensão da psicologia aplicada e diferencial, e as novas filosofias.


Conclusão
O principal componente da transmutação da psicologia de uma disciplina filosófica para uma científica, como já visto, foi o resultado da união entre a filosofia e a fisiologia, e não só teve como contributo de algumas ciências, nas universidades alemãs da metade do século XIX. O crescimento da nova ordem económica o capitalismo traz consigo o processo de industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas soluções práticas no campo da técnica. Há, então, um impulso muito grande para o desenvolvimento da ciência. E com isso concluímos que com nova ordem social e económica, defendia a emancipação do homem para emancipar-se também. Era preciso quebrar a ideia de universo estável para poder transformá-lo. Era preciso questionar como algo dado para viabilizar a sua exploração em busca de matérias-primas. Estavam dadas as condições materiais para o desenvolvimento da ciência moderna. As ideias dominantes e essa construção destacasse: o conhecimento como fruto da razão; a possibilidade de desvendar a Natureza e suas leis pela observação rigorosa e objectiva. Com tudo a psicologia científica foi a união resultante da antiga psicologia filosófica com o novo espírito experimental das ciências naturais, em particular da fisiologia experimental.






Bibliografia

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ADES, C. Entre eidilos e xenidrins: experiência e pré-programas nocomportamento humano. In: CRP 6a região e Sindicato dosPsicólogos no Estado de São Paulo. Psicologia no ensino de 2º grauuma proposta emancipadora. São Paulo, Edicon, 1986.
MYERS Davig.g, Historia da Psicologia

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