A necessidade
de um processo de liderança está presente em todas as segmentações da
sociedade. Pais, professores, líderes religiosos, todos possuem como função
básica a de servirem como líderes para um grupo de pessoas. A liderança decorre
de uma série de características essenciais como visão do futuro, autocontrole,
coragem e valores, sendo sua função primordial a junção das forças e idéias
para a realização de um bem comum através da motivação gerada no grupo em que
sua influência é exercida.
Existem diversos
tipos de liderança (COUTINHO,2004) porém os principais são o autocrático, onde
ocorre um autoritarismo maior e menos liberdade para a equipe, o liberal ou
laissez-faire onde a equipe tem uma liberdade exagerada e o democrático, com
uma liberdade controlada, discussão constante das ideias e apoio por parte do
Líder.
É importante
traçar uma relação líder-subordinado, baseada na empatia e respeito, sem no
entanto, ultrapassar os limites da relação profissional. O liderado sente-se
seguro e motivado quando vê o seu líder envolvido no projeto no qual ele está
inserido, quando o líder conhece o negócio e transmite esse conhecimento para
que o liderado possa desenvolver bem suas tarefas e quando o líder permite ao
seu liderado que ele faça realmente seu trabalho, ou seja, permitindo que se
comunique, participe e tome decisões.
Portanto, cabe
ao líder não somente comunicar valores, mas manter relações honestas, baseadas
em confiança e, acima de tudo, garantir a tradução de valores e missão em suas
ações e principalmente, em decisões concretas de negócio.
Para Senge (1998), o papel do líder é o de projetista, orientador e regente.
1.
Projetista – para construir o alicerce da Instituição com seus
propósitos e valores essenciais, para definir políticas e estratégias, para
criar processos de aprendizagem efetiva.
2.
Orientador – para fazer aflorar os modelos mentais das pessoas e
ajudá-las a reestruturar suas visões da realidade e, assim, serem capazes de
enxergar as causas subjacentes aos problemas, aquilo que não está explícito.
3.
Regente – para catalisar os esforços das pessoas para a realização da missão da Instituição.
Regente – para catalisar os esforços das pessoas para a realização da missão da Instituição.
Segundo
Resende (2004), a liderança pode ser pensada como: “uma função de comando” ou
“uma qualidade que faz com que alguém seja capaz de influenciar ou conduzir
pessoas para um objetivo”.
Das teorias existentes sobre liderança destacamos: a teoria dos traços de personalidade, a teoria contigencial e a teoria dos estilos de liderança.
Teoria dos traços de personalidade: segundo essa teoria, alguns indivíduos já nascem líderes, ou seja, com determinadas características físicas (aparência, estatura, força física), intelectuais (autoconfiança, entusiasmo, inteligência elevada), traços sociais (cooperação, habilidades administrativas e interpessoais) e traços relacionados com a tarefa (persistência, impulso de realização e iniciativa).
A Teoria contigencial desfoca a atenção do líder para o fenômeno da liderança. Liderança é uma relação entre líderes, liderados e a situação. Não se pode falar desses pilares independentemente. Quando se fala em líder, essa teoria destaca a questão da autoridade formal (não garante a liderança, mas pode facilitá-la) e as características de personalidade (tanto pode facilitar como criar obstáculos). Quanto aos liderados, a teoria aborda a questão das expectativas, dos interesses e das motivações, e afirma que aquele que satisfizer essas questões para os liderados será considerado líder. E, finalmente, quanto à situação, ou seja, a organização, a teoria reforça a importância do cenário em que o relacionamento de liderança acontece e a tarefa que está sendo executada.
Teorias dos
estilos de liderança: segundo essa teoria, citada anteriormente, existem três
tipos de liderança: o autocrático, o democrático e o liberal ou laissez-faire.
1.
Autocrático: é o centralizador, possessivo e controlador, que ilustra
o célebre ditado“manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
2.
Democrático: permite ao funcionário maior participação,
compartilhando o poder.
3.
Laissez-faire: não se envolve com as atividades de áreas de seus
funcionários e exerce pequenas influências, conhecido como “deixa rolar”,
tendo, portanto, menor visibilidade por parte dos funcionários.
O quadro abaixo expõe algumas características destes estilos de liderança:
|
CLIMA
|
ATITUDE DO GRUPO
|
TOMADA DE DECISÃO
|
RESPONSABILIDADE
|
|
Autocrático
|
Obediência
|
no Chefe
|
no Chefe
|
|
Democrático
|
Cooperação
|
Chefe/Grupo
|
Chefe/Grupo
|
|
Liberal
|
Iniciativa
|
Indivíduos
|
Indivíduos
|
Como vimos, nos resta uma curiosidade. Qual será o tipo de liderança mais
adequado as unidades de informação? Antes de fazermos algumas considerações
desta natureza, vejamos o que Krause (1981, p.74) afirma: "em
determinadas situações, a liderança autocrática é a mais adequada; sob
certas situações, a liderança democrática é a melhor; sob determinadas
condições, a liderança liberal é amelhor."
Posto isto, podemos afirmar que o líder deve saber a cada momento, escolher
determinada solução para certa situação e, ter sempre em mente que: liderança
autocrática não significa ditadura; liderança democrática não é por
tudo a voto; liderança liberal não significa ausência de liderança. A
liderança é específica em relação à situação que no momento se investiga.
Aparentemente difícil esta adaptação, no entanto o profissional da informação
para exercer a função de líder não precisa mudar de personalidade, basta mudar
o modo de agir.
Diante destas considerações podemos afirmar que a sobrevivência, o
progresso e o êxito das unidades de informação estão relacionados diretamente
com a função da liderança, tendo o profissional da informação, um papel preponderante
nesse processo.
"Nem nossas intenções, nem nossas motivações, nem nossos objetivos,
nem nossas relações transcendentais com o sentido da história são uma garantia
ou uma prova do sucesso das nossas empresas." - M. Crozier e E. Friedberg
Ao nascer, a função de chefia foi denominada de capatazia, ou seja, o
ascendente do líder foi chamado de capataz. Depois passou a ser chefe. Usamos
ainda hoje várias expressões como: supervisor, inspetor, gerente etc. Embora
isto aconteça, percebemos que estas expressões, aos poucos, estão sendo
esquecidas, para dar lugar a liderança. Isto é, desaparece o chefe, nasce o
líder.
Por este motivo muitos ainda confundem, chefia e liderança. Alguns
chegam até confundi-las, usando-as como sinônimos. Na verdade, surgem muitas
contradições quando se tenta conceituar estes dois termos. Porém, o certo é
que, nem todo chefe é líder. Poderá sê-lo, desde que aja no sentido de obter
participação, envolvimento e adesão do grupo, no alcance dos objetivos.
Para facilitar uma melhor compreensão desse estudo resolvemos distinguir os
termos: chefiar e liderar. Chefiar" é simplesmente, fazer um grupo
funcionar para que sejam atingidos determinado objetivos. Enquanto, queo
liderar,é mais do que isso, é a habilidade de exercer influência e ser
influenciado pelo grupo, através de um processo de relações interpessoais
adequadas para a consecução de um ou mais objetivos comuns a todos os
participantes." (SENAC, 1999, p.40). "Liderar é engajar-se em um ato
que inicia uma estrutura nas interações como parte do processo de solucionar um
problema mútuo." (Henfil apud Penteado ,1986, p.8) Vemos o
quanto é polêmica esta relação mas, na tentativa de entendermos melhor as
diferenças de comportamento entre chefe e líder, apresentamos a
seguir, um quadro com abordagem de alguns enfoques.
|
CHEFE: tem a visão de que:
|
LÍDER: tem a visão de que:
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Este paralelo mostra, claramente, os diferentes pontos de vista de quem
chefia e de quem lidera. No nosso entendimento é absolutamente indispensável
realizar um esforço para ampliar a visão das empresas no sentido de acreditar
que além das qualificações de gerenciamento, são necessárias também as
qualidades de liderança, a fim de que a eficiência e a eficácia sejam
alcançadas e o êxito seja um fenômeno concreto.
Reconhecemos que também o chefe deve liderar para que o seu grupo de
trabalho possa otimizar suas potencialidades e a plena satisfação no trabalho.
Não podemos mais conceber um chefe que não conheça nem pratique os princípios
da liderança no sentido de obterem as melhores condições humanas de trabalho.
Daí a necessidade do chefe aprender a ser líder. Assim, podemos concluir que
não há chefia e liderança. A liderança é um processo de chefia.
Portanto, para salientar e fixar bem as diferenças entre os vários estilos
de liderança, resolvemos enfatizar alguns tipos de liderança para facilitar a
compreensão do panorama geral deste assunto. Por experiência própria,
constatamos que cada um desses estilos está ligado, evidentemente, a
personalidade do líder. Consequentemente, cabe ao profissional da informação
escolher aquele que mais condiz com a sua personalidade e que possa eliminar os
pontos fracos do grupo, pois este fornecerá os elementos necessários ao bom
desempenho da função.
LÍDER AUTORITÁRIO -
aquele que determina as idéias e o que será executado pelo grupo, e isso
implica na obediência por parte dos demais. É extremamente dominador e pessoal
nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro do grupo. Muitos condenam
esta postura, e acham inválido este tipo de comportamento. Sua origem remonta
da antigüidade. Apesar deste comportamento ser considerado inadequado, o seu
uso tem provado certa eficiência em algumas ocasiões, e com certo tipo de
pessoas lideradas. Pensemos por exemplo, em um grupo relutante no cumprimento
de seus deveres e que não quer colaborar nem assumir responsabilidades.
LÍDER DEMOCRÁTICO -
aquele que determina, junto com o grupo, as diretrizes, permitindo o grupo
esboçar as técnicas para alcançar os objetivos desejados. É impessoal e
objetivo em suas críticas e elogios. Para ele, o grupo é o centro das decisões.
Acreditamos que a ação do líder democrático é de suma importância para o
progresso da organização.
LÍDER LIBERAL -
Aquele que participa o mínimo possível do processo administrativo. Dá total
liberdade ao grupo para traçar diretrizes. Apresenta apenas alternativas ao
grupo.
LÍDER SITUACIONAL - é
aquele que assume seu estilo de liderança dependendo mais da situação do que da
personalidade. A postura deste líder brota ante as diferentes situações que ele
detecta no dia-a-dia. Possui um estilo adequado para cada situação.
LÍDER EMERGENTE - diz
respeito aquele que surge e assume o comando por reunir mais qualidades e
habilidades para conduzir o grupo aos objetivos diretamente relacionados a uma
situação especifica. Por exemplo, num caso extraordinário, onde determinadas
ações devem ser traçadas de imediato.
Assim, entendemos que tanto as situações como os grupos variam; os líderes,
também. Portanto, um líder não pode assumir uma determinada postura e
eternizá-la. Mas, ao contrário ele deve assumir uma posição adequada sempre
levando em consideração o tipo de tarefa a ser executada, as pessoas lideradas
e a situação a ser enfrentada. Por isto, comumente afirmamos que o êxito do
líder e de seus liderados está diretamente ligada ao estilo de liderança
adotado.
As mudanças organizacionais são processos amplos e complexos, e necessários
para que uma organização sobreviva. Muitos concordam que o princípio de sucesso
não se dá apenas no nível econômico e tecnológico. Não há dúvidas, que a
liderança é um mecanismo eficaz para a organização.
Para remate final deste estudo, consideramos alguns pontos básicos que
servem de delimitadores do assunto em pauta:
a) O êxito da liderança está diretamente relacionado com as relações
interpessoais, com o desenvolvimento dos conhecimentos, habilidades e atitudes
adequadas ao grupo, à situação e aos propósitos comuns;
b) Só há liderança quando existe autoridade consentida;
c) Não é suficiente querer ser líder; é preciso saber liderar;
d) Nenhum estilo de liderança é o mais adequado, cada estilo é
provavelmente eficaz sob um dado conjunto de condições dependente dos
requisitos da realidade percebida pelos líderes.
Eis algumas sugestões de compromissos de liderança para profissionais que,
estão preocupados em acompanhar as mudanças e encontrar caminhos alternativos:
a)
Buscar
oportunidades, experimentar e assumir riscos;
b)
Pressentir
o futuro, recrutar outras pessoas e fomentar a colaboração;
c)
Fortalecer
os outros, dar exemplo consistentes, planejar pequenas vitórias, reconhecer as
contribuições individuais e comemorar as realizações.
Bibliografia
·
ARAÚJO, Luis César G. Teoria Geral da
Administração: aplicação e resultados nas empresas brasileiras. Ed. Atlas, SP, 2004.
·
BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital
Monopolista. 3. ed. Rio de Janeiro: JC,
1987.
·
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria
Geral da Administração. 4. ed. São
Paulo: Makron, 1993.
·
COELHO. José Márcio; GONZAGA, Ricardo Martins. Administração
Científica de Taylor: o homem do tempo.
·
DAFT, Richard
L. Administração. 6. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006.
·
GEORGE JR, Claude S. História do pensamento
administrativo. São Paulo, Cultrix,
1974.
·
MAXIMIANO, Antônio Cesar A. Da escola científica
à competitividade na economia globalizada. 2.
ed. São Paulo : Atlas, 2000.
·
MAXIMIANO, Antonio Cesar A. Teoria Geral da
Administração: da revolução urbana à revolução digital. 3. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2000.
·
PINTO, Geraldo Augusto. A organização do
trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2010. ISBN 978-85-7743-028-4.
·
RAGO, Margareth e MOREIRA, Eduardo F. P. O Que
é Taylorismo. São Paulo: Brasiliense,
1993.
·
TAYLOR, Frederick
W. Principles of Scientific Management. Nova Iorque: Harper &
Row, 1911.
·
TAYLOR, Frederick W. Princípios da
administração científica. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1995. Disponível em inglês online
Piero Berbert
Comentários
Enviar um comentário