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Aspectos básicos da Contabilidade Agrícola


Índice


1.     Introdução


O Sector Agrícola apresenta particularidades que o diferencia dos demais sectores da economia. O clima determina as épocas de plantio, tratos culturais, colheitas, escolha de variedades e espécies, vegetais e animais. Algumas fases do processo produtivo se desenvolvem sem a existência de trabalho físico. Não há flexibilidade para alterar a sequência da produção e a terra é participante da produção.

Além disso, o empresário rural se depara com um Sistema de Competição Económica que o impede de controlar o preço de seus produtos, que ditado pelo mercado, pode ser até inferior aos custos de produção. Há o alto custo de saída e/ou entrada para algumas culturas, como por exemplo, a de café, devido à exigência de altos investimentos em benfeitorias e máquinas e os produtos não são uniformes, acarretando custos adicionais com a classificação e padronização (CREPALDI, 1998).

Da mesma forma, a Contabilidade Rural, que abrange não só o Sector Agrícola, mas também as actividades zootécnicas e agro-industriais, contém peculiaridades que a distingue de forma acentuada da Contabilidade aplicada a outros sectores. Não só pelas particularidades da Contabilidade Rural, mas principalmente pela importância desta contabilidade para o empresário rural, é que o presente artigo visa abordar as características deste ramo da Contabilidade e analisar o resultado de uma pesquisa, na qual se procura identificar o nível de conhecimento do profissional contabilístico quanto a este assunto.









2.     Objectivos

2.1.Objectivo Geral

Identificar o conhecimento dos profissionais contabilísticos das peculiaridades da Contabilidade Agrícola e Extractiva.

2.2.Objectivos Específicos

·       Descrever os conceitos da Contabilidade Agrícola e Extractiva;
·       Citar suas principais particularidades.

3.     Metodologia


Para se alcançar os objectivos propostos, a metodologia deste trabalho estará pautada em pesquisa bibliográfica.

Gil (2010, p. 29), comenta:
A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, essa modalidade de pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado na Internet.

Sobre modalidades de pesquisa, SALVADOR (1986, p. 10), comenta:

Por outro lado, a pesquisa feita em documentos escritos é chamada de pesquisa bibliográfica, quando se utiliza de fontes, isto é, documentos escritos originais primários; chama-se de consulta bibliográfica ou estudos exploratórios, quando se utiliza de subsídios, literatura corrente ou obras de autores modernos. Comumente, ambos os estudos são denominados simplesmente de pesquisa bibliográfica.

4.     Referencial Teórico


A Contabilidade é um dos principais instrumentos para embasar a administração moderna nas tomadas de decisões, pois além de identificar, registar e mensurar os eventos económicos que alteram o património de uma entidade, também possibilita a análise dos mesmos (LIBONATI, 1996).
A Contabilidade Rural também se constitui em uma importante ferramenta de auxílio aos empresários deste sector. A Empresa Rural, ambiente onde ocorrem os eventos económicos específicos desse sector, é assim definida pelos seguintes autores:

Carneiro (apud LIBONATI, 1996), “A Empresa Rural é a organização económica que se destina à exploração produtiva dos campos”.

Crepaldi (1998), “Empresa Rural é a unidade de produção em que são exercidas actividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação de gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”.

Marion (2002), “Empresas Rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”.

As definições acima demonstram que a Empresa Rural abrange as Actividades Agrícola, Zootécnica e Agro-industrial. Por Actividade Agrícola, entende-se aquela que explora o solo com o propósito do plantio. A Zootécnica consiste na criação de animais, para serviços de lavoura, para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais. Já a Actividade Agro-industrial é o beneficamente do produto agrícola (arroz, café, milho), como também a transformação zootécnica (mel, lacticínios) e agrícola (açúcar, óleo de soja).

Segundo, Martins (1998) A Contabilidade de Custos – que atende essa necessidade – destina-se à geração de informações contábeis de interesse dos usuários internos da empresa, servindo de apoio indispensável a decisões gerenciais das mais diversas naturezas.

Custo é uma despesa que se faz a fim de obter um rendimento. Ao estabelecer um preço, para seu produto ou serviço, deve-se saber qual é  seu custo total e o custo por unidade.
Diferentes tipos de custos são usados para diferentes propósitos, e a escolha  correta poderá assegurar o uso apropriado dos recursos do departamento.
Natureza: o custo representa um consumo de valores decorrentes de atividades industriais, comerciais ou de prestação de serviços. Normalmente os custos antecedem as receitas (vendas). Ao custo inicial geralmente são agregados outros gastos, como por exemplo à matéria prima são adicionados os custos de mão-de-obra, de energia elétrica, etc. no processo de transformação em produtos acabados.
Importância e finalidade: A determinação do preço de custo dos bens e serviços é necessária para fixação do preço de venda desses mesmos bens e serviços.

Cada indústria está inserida em um grupo distinto, e cada característica pode ser diferente, por isso, segue-se uma referida classificação.
·       Indústrias têxteis.
·       Indústrias minerais, mecânicas e químicas.
·       Indústrias alimentares.
·       Indústrias extrativas.
·       Indústrias de lãs artificiais ou papel artificial.
·       Serrarias de mármore e britas.
·       Oficinas metalúrgicas para fabricação de aço, chumbo, cobre, prata e etc.

Extrativismo significa resumidamente todas as actividades de colecta de produtos naturais, sejam estes produtos de origem animal, vegetal ou mineral. É a mais antiga actividade humana, antecedendo a agricultura, a pecuária e a indústria. Praticada mundialmente através dos tempos por todas as sociedades.


5.     Actividade Agrícola


Na Agricultura há algumas etapas a serem desenvolvidas pelo empreendedor rural como o preparo do solo, preparo para o plantio, plantio de mudas e sementes, colheita e produtos colhidos. Devido a estas características peculiares, a Contabilidade Agrícola possui particularidades que a distingue da Contabilidade relativa à área industrial.

5.1.Exercício Social


Na actividade agrícola o exercício social termina logo após o ano agrícola. O ano agrícola corresponde, geralmente, ao período de 12 meses, que e o engloba. Concentração da receita, na referida actividade, durante ou logo após a colheita, diferindo das demais empresas que apresentam receitas e despesas constantes durante os meses do ano.

De acordo com Crepaldi (1998), “[...] determina-se o início e o fim do ano agrícola quando se obtêm a colheita e a comercialização da actividade de maior renda bruta”. Realmente, para produtores de culturas diversificadas, o ano agrícola é fixado em função da cultura de maior representatividade económica (MARION, 2002).

5.2.Importância da agricultura


O papel representado pelas empresas rurais na vida dos povos tem sido sempre dos mais salientes e profícuos. Delas provêm a riqueza económica de inúmeras nações. São elas que alimentam as industrias, proporcionando-lhes as matérias-primas indispensáveis á sua actividade e manutenção. Ademais, é pela Agricultura que se cria a riqueza das nações. E’ uma das primeiras etapas da produção. Todos os povos foram primitivamente agricultores. E isto é facil de se explicar, pois que a vida rural não exige um cabedal grande de conhecimentos. Principalmente quando incipiente. Não queremos, porém, dizer com isto que a Agricultura não necessite, hoje, de conhecimentos técnicos. Dispensa-os a pequena cultura algumas vezes.

Mas nas grandes empresas agrícolas, aquele são indispensaveis. E’ hoje um assunto de grande interesse para os países agrários, a Agricultura cientifica. E é para ela que convergem os esforços dos administradores, criando escolas técnicas e científicas, amparando-as, estimulando-as.
Não obstante ser a Agricultura uma fonte incomensurável de riquezas, só ela não faz a riqueza de um povo.

Há uma completa interdependência entre os diversos ramos produtores da economia moderna, mas, entre estes, uns ainda predominam sobre outros quer pela elevação do nível cultural, quer pela grandeza numérica ou outros quaisquer fatos, sendo que a produção agrária não tem ocupado sempre o primeiro lugar.

Não se pôde, porém, prescindir da Agricultura. Os alimentos com que se nutre e mantém a humanidade, provêm dela. No dia em que for resolvido o problema de alta alquimia e que o homem puder se alimentar unicamente com algumas cápsulas diárias, então, sim, talvez advenha a desnecessidade da Agricultura.

5.3.Divisão da agricultura


A Agricultura considerada como ciência comporta divisões para melhor compreensão de suas ideais. Considerada como industria, também pôde ser dividida conforme a sua, especialidade.
Conforme a extensão e diversidade da sua produção, a Agricultura póde tomar dois aspectos:
a) Monocultura.
b) Pólicultura.

Monocultura como o nome o indica, é a cultura de um só produto. Exemplo: A cultura só de café, de cana-de-açúcar, de borracha, etc.

Policultura é a cultura concomitante de mais de um produto. Poder-se ia falar também de monocreação e pôlicreação ou multicreação, mas, essas modalidades da Agricultura são mais raras, com quanto se encontrem. Segundo a sua especialização, a Agricultura pode ser:
a) Cultural.
b) Creacional ou pastoril.
c) Mixta ou Agrícola.

A Agricultura Creacional ou Pastoril é a que se ocupa exclusivamente da criação de animais.
Agricultura Cultural é a que cuida da exploração do campo, da cultura do solo (lavoura).
Agricultura Mixta é a que trata da criação de animais e plantação da terra, concomitantemente.
Essa divisão é a que mais interesse apresenta.

Alguns autores dividem a empresa agrícola, segundo a diversidade de sua produção, em:
a) Exclusiva.
b) Dominante.
c) Mixta.

Chama-se Agricultura Exclusiva, a que se dedica a uma só ordem de operações produtoras.
Agricultura Dominante é a em que havendo produção diversa uma predomina sobre as outras.
Denomina-se Mixta a Agricultura em que não há exclusividade nem predomínio de uma exploração sobre outra.
Como é claro, tanto a Agricultura a Cultural, a Creacional, como a Mixta, podem ser Exclusivas ou Dominantes. Chamamos Monocultura á Exclusiva. E, Policultura as Dominante e Mixta.

5.4.Culturas Temporárias e Permanentes


A diferença básica entre estas duas culturas é que a temporária ou anual está sujeita ao replantio e é arrancada do solo, enquanto que a permanente ou perene está vinculada ao solo, dando produção por diversos anos.

Segundo Anceles (2002), a temporária se extingue pela colheita, sendo seguida de um novo plantio, enquanto que a permanente tem duração superior a um ano ou proporciona mais de uma colheita sem a necessidade de novo plantio, recebendo apenas tratos culturais no intervalo entre as colheitas. Exemplo de culturas temporárias: milho, trigo, feijão etc e de perenes, jaqueira, mangueira, cajueiro etc.

Na cultura temporária, os custos com a formação (plantio, adubação, sementes, calcário, mão-de-obra, herbicidas etc) e com a colheita (mão-de-obra, combustível etc) são contabilizados no Ativo Circulante, em uma conta nomeada de “Cultura Temporária” e em uma sub-conta intitulada ”Cultura em Formação”, sendo classificada como Estoque (MARION, 2002).
Após a colheita, esta conta é baixada pelo seu valor de custo e transferida para a conta “Produtos Agrícolas”, em que serão acumulados todos os custos posteriores à colheita. À proporção da venda dos produtos, dá-se baixa em “Produtos Agrícolas” e transfere o custo para “Custo do Produto Vendido”, para que possa haver o confronto entre a Receita e Custo e a apuração do Lucro Bruto.

Na cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura, como adubação, formicidas, forragem, herbicidas etc, são apropriados no Activo Permanente – Imobilizado, na conta “Cultura Permanente em Formação”, tendo como sub-conta o tipo de cultura.

Marion (2002) esclarece que após a formação da cultura, antes da primeira produção, transferem-se os custos da conta “Cultura Permanente em Formação” para uma conta denominada “Cultura Permanente Formada”, que permanece no Activo Permanente, Imobilizado. A partir deste ponto, na fase produtiva, os custos que surgirem não serão mais contabilizados no Imobilizado, mas no Activo Circulante – Estoque; geralmente, em uma conta intitulada “Colheita em Andamento”, especificando o produto.

Marion (2002) informa que esta conta é composta de todos os custos necessários para a realização da colheita: mão-de-obra e respectivos encargos sociais, produtos químicos, custo com irrigação, custo do combate a formigas e outros insectos, seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros etc. Caso os recursos aplicados na cultura permanente beneficiem a produtividade ao longo dos anos, o valor não deve sobrecarregar a safra do ano, mas ser incorporado ao Imobilizado e diluído às safras por meio da depreciação ou, se for o caso, da exaustão. Ao término da colheita, o valor acumulado na conta “Colheita em Andamento” transfere-se para conta “Produtos Agrícolas”, também do Activo Circulante – Estoque. Nessa conta é acrescentado o gasto de beneficamente ou acondicionamento, se houver.

À medida que os produtos agrícolas forem vendidos e o respectivo custo transferido da conta “Produtos Agrícolas” para a conta “Custo do Produto Vendido”, sempre discriminando o tipo da plantação, haverá a confrontação da Receita e do Custo do Produto Vendido, apurando-se o Lucro Bruto.

5.5.Melhorias no Solo para o Cultivo


Os gastos com desmatamento, destocamento, terraplanagem, desvios de leitos de rios ou córregos para irrigação, nivelamento do solo e outros preparos para tornar a terra bruta agricultável, não devem ser acumulados à “Cultura em Formação”, sobrecarregando a primeira safra. De acordo com Anceles (2002):

Os custos com desmatamento, destocamento, correcção do solo e outras melhorias para propiciar o desenvolvimento das culturas agrícolas que beneficiam mais de uma safra devem ser contabilizados por seu valor original, no Activo Diferido, como encargo das culturas agrícolas desenvolvidas na área, deduzidas as receitas líquidas obtidas com a venda dos produtos oriundos do desmatamento ou destocamento.

Estes custos são apropriados ao valor da terra ou amortizados ao longo dos anos. Na hipótese da amortização como custo em vários períodos, a classificação correcta é no Activo Permanente – Diferido. Quanto ao título da conta, a mais adequada, seria “Melhorias”, pois como afirma Marion (2002), na Contabilidade, o termo Melhoria significa incremento na capacidade produtiva, que envolve reforma significativa no Activo de propriedade da empresa, com alterações técnicas e de produtividade naquele Activo. Outros gastos, como cercas, estradas, açudes, instalações e bebedouros, não devem ser contabilizados na conta “Melhoria”, mas individualmente no Activo Permanente - Imobilizado.

Entretanto, conforme Crepaldi (1998), os correctivos aplicados ao solo, como calcário, adubação orgânica etc, quando beneficiarem vários períodos, serão alocados também no Activo Diferido, para serem amortizados com base na quantidade de períodos que irão beneficiar.


6.     Industria Extractiva 


É uma actividade comercial que visa retirar os recursos naturais com fins lucrativos. A ideia é retirar os produtos e entregar na sua forma original ao consumidor que pode ser o consumidor final ou uma indústria de beneficamente, apenas como exemplos.
A extracção desses recursos deve ser feita observando o desenvolvimento sustentável e agredindo o mínimo possível a natureza. Mas muitas vezes isso não acontece e é preciso ação das pessoas para que quem não faz o uso correcto dos recursos sejam punidos pelos danos ambientais e sociais.
Um exemplo de consequências sociais causados pelo mau uso dos recursos é o caso do rompimento da Barragem de Mariana, que deixou vários mortos e causou um imenso desastre ambiental.
Por isso é importante ter-se em mente que deve-se explorar os recursos naturais com responsabilidade, pensando sempre na natureza e nos impactos sociais que uma ação pode ter.

 

6.1.Propósito da Indústria Extractiva

Ela retira os recursos naturais e vende os mesmos para o consumidor final in natura ou para indústrias que transformarão o mesmo em produto final para o consumidor. Esses recursos podem ser vegetais, minerais ou animais.
Há apenas a extracção, não havendo transformação ou manipulação de forma a modificar o produto.

6.2.Tipos de Indústrias Extractivistas

Os ramos de actuação desse tipo de actividade podem se dividir em três:
6.2.1.     Industria Extractiva Vegetal
Onde são colectados recursos como madeira, seiva, frutos, casca de troncos, folhas e ervas da natureza e vendidos da forma que são colhidos para indústrias de beneficiamento ou para o consumidor final.
Essa actividade também pode ser usada para subsistência, ou seja, para consumo próprio e da família do indivíduo.

6.2.2.     Indústria Extractiva Mineral

Onde são colectados recursos minerais como minério de ferro, bauxita, calcário, ouro, diamante, esmeralda, entre outros. Os mesmos podem ser vendidos também directo ao consumidor final ou para locais que fazem o beneficiamento do mesmo.
Esse tipo de actividade possui apenas o carácter comercial. Embora alguma parte da produção possa ser usada pelas famílias, mas não são de importância para que as mesmas continuem vivas.

6.2.3.     Indústria Extractiva Animal

Onde são colectados recursos animais produtos da caça e da pesca. Podendo os mesmos serem vendidos directamente ao consumidor final ou à locais de beneficiamento.
Pode ser usada para a subsistência e é muito comum por parte de povos indígenas e por pessoas do interior do país, mais até que o extrativismo vegetal.

7.     Depreciação, Amortização e Exaustão


Depreciação, no linguajar corrente, significa o esgotamento e o desgaste de um activo. Entretanto, no sentido contabilístico, é um encargo financeiro que se tem sobre certas contas do Activo Imobilizado, que reflecte o custo de utilização de um activo em um exercício contabilístico dado, e mais, especialmente, reproduz a porção do custo monetário original de ingresso desse activo que foi utilizado na obtenção de receitas de um exercício contabilístico em particular, Crepaldi (1998).

De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (1994), a depreciação aplica-se somente aos bens tangíveis (máquinas, equipamentos); exaustão, aos recursos naturais exauríveis (reservas florestais, petrolíferas) e amortização, aos bens intangíveis (marcas e patentes). Na Agricultura, não contradizendo os conceitos expostos, a depreciação é aplicada a culturas permanentes, tais como, florestas ou árvores e todos os vegetais de menor porte, dos quais são extraídos apenas os frutos, sendo, ainda, empreendimento da própria empresa(MARION, 1996).

A exaustão ocorre quando a árvore é cortada ou extraída do solo, como acontece com a cana-de-açúcar. Outros exemplos seriam as pastagens e as florestas e espécies vegetais destinadas ao corte, para industrialização, consumo, ou comercialização. Tanto para a depreciação quanto para a exaustão, o período é determinado em função do número de anos de produção (vida útil) e de cortes das árvores, ou da produção total estimada. A taxa só pode ser definida por agrónomo ou pelo agricultor, que detém o conhecimento desta informação. A depreciação só começa a incidir sobre a cultura a partir da primeira safra. A depreciação também é utilizada nos implementos agrícolas, como tractores, colhedeiras, aparelhos agrícolas etc. Nesse caso, a depreciação é calculada por hora, pois a apropriação é em decorrência do uso às respectivas culturas ou projectos.

Já a amortização, aplica-se na aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros, apropriando-se ao longo do período contratado. Marion (2002) exemplifica: “...casos de aquisição de direitos de extracção de madeira de floresta pertencente a terceiros ou de exploração de pomar alheio, por prazo determinado, a preço único e prefixado”.

8.     Registos Contabilísticos


Os registos contabilísticos devem evidenciar as contas de receitas, custos e despesas, com obediência aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, observando-se o seguinte:
1 – Os bens originários de culturas temporárias e permanentes devem ser avaliados pelo seu valor original, por todos os custos integrantes do ciclo operacional, na medida de sua formação, incluindo os custos imputáveis, directa ou indirectamente, ao produto, tais como sementes, irrigações, adubos, fungicidas, herbicidas, insecticidas, mão-de-obra e encargos sociais, combustíveis, energia eléctrica, secagens, depreciações de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na produção, arrendamentos de máquinas, equipamentos e terras, seguros, serviços de terceiros, fretes e outros;
2 - Os custos indirectos das culturas, temporárias ou permanentes devem ser apropriados aos respectivos produtos;
 3 - Os custos específicos de colheita, bem como de beneficamente, acondicionamento, armazenagem e outros necessários para que o produto resulte em condições de comercialização, devem ser contabilizados em conta de Estoque de Produtos Agrícolas;
 4 - As despesas pré-operacionais devem ser amortizadas a partir da primeira colheita. O mesmo tratamento contabilístico também deve ser dado às despesas pré-operacionais, relativas as novas culturas, em entidade agrícola já em actividade;
 5 - Os custos com desmatamento, destocamento, correctivos de solo e outras melhorias para propiciar o desenvolvimento das culturas agrícolas que beneficiarão mais de uma safra devem ser contabilizados pelo seu valor original, no Activo Intangível, como encargo das culturas agrícolas desenvolvidas na área, deduzidas as receitas líquidas obtidas com a venda dos produtos oriundos do desmatamento ou destocamento;
 6 - A exaustão dos componentes do Ativo Imobilizado relativos às culturas permanentes, formado por todos os custos ocorridos até o período imediatamente anterior ao início da primeira colheita, tais como preparação da terra, mudas ou sementes, mão-de-obra, etc., deve ser calculada com base na expectativa de colheitas, de sua produtividade ou de sua vida útil, a partir da primeira colheita;
 7 - Os custos incorridos que aumentem a vida útil da cultura permanente devem ser adicionados aos valores imobilizados;
 8 - As perdas correspondentes à frustração ou ao retardamento da safra agrícola devem ser contabilizadas como despesa operacional;
 9 - Os ganhos decorrentes da avaliação de estoques do produto pelo valor de mercado devem ser contabilizados como receita operacional, em cada exercício social;
 10 - Os custos necessários para a produção agrícola devem ser classificados no Activo da entidade, segundo a expectativa de realização:
            a) No Activo Circulante, os custos com os estoques de produtos agrícolas e os custos com tratos culturais ou de safra necessários para a colheita no exercício seguinte; e
            b) No Activo Permanente Imobilizado, os custos que beneficiarão mais de um exercício.

8.1.Receitas


 As receitas operacionais da actividade rural são aquelas provenientes do giro normal da empresa, em decorrência da exploração das respectivas actividades rurais.
 A empresa rural tem como actividades principais a produção e venda dos produtos agropecuárias por ela produzidos, e como actividades acessórias as receitas e despesas decorrentes de aplicações financeiras; as variações monetárias activas e passivas não vinculadas a actividade rural; o aluguer ou arrendamento; os dividendos de investimentos avaliados pelo custo de aquisição; a compra e venda de mercadorias, a prestação de serviços, etc. 
Desse modo, não são alcançadas pelo conceito de actividade rural as receitas provenientes de: actividades mercantis (compra e venda, ainda que de produtos agro pastoris); a transformação de produtos e subprodutos que impliquem a transformação e a alteração da composição e características do produto in natura, com utilização de maquinários ou instrumentos sofisticados diferentes dos que usualmente são empregados nas actividades rurais (não artesanais e que configurem industrialização), como também, por meio da utilização de matéria-prima que não seja produzida na área rural explorada; receitas provenientes de aluguel ou arrendamento, receitas de aplicações financeiras e todas aquelas que não possam ser enquadradas no conceito de actividade rural consoante o disposto na legislação fiscal

8.2.Despesas de custeio


Consideram-se despesas de custeio, dedutíveis na apuração do resultado da actividade rural, aquelas necessárias à percepção dos rendimentos e à manutenção da fonte produtora e estejam relacionadas com a natureza da actividade exercida, apropriando-as em função do regime de competência.  
Exemplos: gastos com salários e encargos de trabalhadores rurais, custos de depreciação de máquinas e equipamentos, exaustão das culturas, etc. 
As perdas, parciais ou totais, decorrentes de ventos, geada, inundação, praga, granizo, seca, tempestade e outros eventos naturais, bem como de incêndio, devem ser registadas como despesa operacional do exercício.   

8.3. Avaliação de estoque


O estoque final de produtos agrícolas, animais e extractivos, existente no encerramento do período, deverá ser avaliado com base num dos seguintes critérios de avaliação:
            a) Custo médio;
            b) Custo de aquisições mais recentes (peps);
            c) Inventário físico (contagem física) avaliado aos preços unitários praticados mais recentemente nas compras; e
            d) Preços correntes no mercado.
Observe-se que a avaliação do estoque a preços de mercado, embora de apuração mais prática, implica no reconhecimento da valorização como receita tributável no período.

8.4.Exaustão

A exaustão nos casos das culturas permanentes e semiperenes que proporcionam a possibilidade de segundo ou outros cortes seguintes, a recuperação do investimento é através da exaustão, calculada em função do volume extraído em cada período, confrontando com a produção total esperada, englobando os diversos cortes.
Para efeito de esclarecimentos, a exaustão tem relação com a perda de valor de bens ou direitos do activo ao longo do tempo. Propicia a redução dos custos de produção e reflecte na eficiência económica e tecnológica da actividade agrícola, pois a escolha do método de produção faz parte de um processo de tomada de decisão, onde diversas alternativas foram analisadas e pode-se indicar a melhor combinação de factores com a tecnologia disponível.
O conceito adoptado é de que os custos de formação e implantação (culturas permanentes) e de formação, implantação e produção (culturas semiperenes) são incluídos no custo fixo e são recuperados levando-se em conta o tempo de duração da cultura, os custos variáveis ocorridos e as possíveis receitas obtidas na comercialização dos produtos durante as fases citadas anteriormente.

9.     Importância da Contabilidade na Agricultura e Extracção


Quando apontamos a importância da Contabilidade nas empresas agrárias, não queremos com isso dizer que uma boa Contabilidade Rural aumente a produção. Absolutamente. A Contabilidade não é ciência produtora. E’ um a ciência económica, de ordem moral, reguladora da vida administrativa das entidades económicas, publicas ou privadas. Ela não aumenta a riqueza dos estabelecimentos em que é empregada.
Mas coordena e organiza eficientemente, demonstrando as operações que são vantajosas e as que o não são, bem como os resultados parciais e totais dos fatos administrativos realizados. E’ um elemento de ordem, de natureza moral, demonstrativo das condições economico-administrativas das ascendas em que é adoptada.














10.  Considerações Finais


Consideram-se como actividade rural a exploração das actividades agrícolas, pecuárias, a extracção e a exploração vegetal e animal, a exploração da apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura (pesca artesanal de captura do pescado in natura) e outras de pequenos animais; a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, realizada pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas actividades rurais, utilizando-se exclusivamente matéria-prima produzida na área explorada, tais como: descasque de arroz, conserva de frutas, moagem de trigo e milho, pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação, produção de carvão vegetal, produção de embriões de rebanho em geral (independentemente de sua destinação: comercial ou reprodução). Também é considerada actividade rural o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização.
É uma parte importante da nossa economia uma vez que a mesma visa a produção de matéria-prima essencialmente. Seria bom que o Brasil fosse exportador de tecnologia pois essa agrega valor aos produtos, mas é um país subdesenvolvido e teremos de viver por muito tempo de exportação de produtos de extracção e da agropecuária. A Indústria Extractiva é de suma importância para a vida de muitas pessoas, principalmente indígenas e moradores do interior, pois cria formas delas retirarem sustento em integração com o meio ambiente.










11.  Referências Bibliográficas


ANCELES, Pedro Einstein dos Santos. Manual de tributos da atividade rural. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

COSTA, Veridiana Prado da. Seria a contabilidade rural importante como meio de administração eficiente para o desenvolvimento das empresas rurais? 2003. Monografia (Graduação em Contabilidade) – Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

CREPALDI, Sílvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por acções – aplicável às demais sociedades. São Paulo: Atlas, 1994.

MARTINS, E; Contabilidade De Custos. 6ed. São Paulo: Atlas, 1998.

NOGUEIRA. Daniel Ramos; Contabilidade de Custos/ Administração .III São Paulo. Pearson, Prendesse; Hall, 2009.


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